Segunda, 09 Abril 2018 23:08

Formação para Fraternidade: Artigo 14º da Regra da OFS

 

O FRANCISCANO SECULAR É CHAMADO A VIVER A SUA VOCAÇÃO NO ESPÍRITO DE SERVIÇO E ORAÇÃO EM CRISTO

 

Art.14 da Regra da OFS -  Chamados, juntamente com todos os homens de boa vontade, a construírem um mundo mais fraterno e evangélico para a realização do Reino de Deus e conscientes de que “quem segue a Cristo, Homem perfeito, também se torna mais homem”, assumam as próprias responsabilidades com competência e espírito cristão de serviço. (LG 31; GS 93)

 

1 - ORAÇÃO INICIAL: (PAI NOSSO)

CANTO: (A PERFEITA ALEGRIA)

 

2 - TEMA: O FRANCISCANO SECULAR É CHAMADO A VIVER A SUA VOCAÇÃO NO ESPÍRITO DE SERVIÇO E ORAÇÃO EM CRISTO

           Este artigo, faz uma abordagem de como os franciscanos devem se comportar numa sociedade que exclui e segrega a pessoa humana. Dessa forma, assim como Deus chamou Moisés para libertar o povo hebreu da escravidão do Egito (êxodo. 3,16-18); ele chama os franciscanos a trabalharem pelo bem comum a serviço de uma sociedade mais fraterna e evangelizadora.

         O objetivo da família franciscana acima de tudo é colaborar com a implantação do Reino de Deus por meio da vivência e evangélica, ou seja, atitudes e ações no estilo de vida de Jesus: compaixão, ternura, misericórdia, fraternidade. Sempre ficando do lado de pessoas sem relevância na sociedade: os pobres, sofredores, oprimidos, excluídos. Isso significa, antes de tudo, ter um olhar humanitário e cristão e saber ver a figura de Jesus Cristo em todas as pessoas: dependentes químicos, moradores de rua, idosos abandonados, presidiários, vítimas de abuso sexual, vitima de homofobia e machismo, entre tantas outras formas de violência contra a dignidade humana.

          A partir do exercício de sua profissão a luz do que nos orienta a Santa Igreja o Santo Padre o Papa Bento XVI em sua exortação apostólica pós-sinodal VERBUM DOMINI nos orienta, “84. O Sínodo concentrou muitas vezes a sua atenção nos fiéis leigos, agradecendo-lhes o generoso empenho com que difundem o Evangelho nos vários âmbitos da vida diária: NO TRABALHO, NA ESCOLA E NA EDUCAÇÃO. Tal obrigação que deriva do batismo, deve poder desenrolar-se através de uma vida cristã cada vez mais consciente e capaz de dar “razão da esperança que vive em nós (cf. I Pd3,15)” (BENTO XVI, 2011, ps. 151-152)com isso os franciscanos devem exercer a justiça e a fraternidade com competência e responsabilidade no âmbito religioso e social no qual estão inseridos.

O papa Paulo VI, no seu breve apostólico SERAPHICO PATRIARCHA diz: ”Alegramo – nos, portanto, porque o “carisma franciscano” conserva, ainda hoje, o vigor pelo bem da Igreja e da comunidade humana, apesar do serpejar de doutrinas acomodatícias e do crescimento de tendências que afastam o homem de Deus e das coisas sobrenaturais” (REGRA DA OFS, 2017, p.12). Isso nos exige uma nova postura diante dos valores alienantes do mundo e o assumir com gestos concretos, ações solidárias para o bem de nossos irmãos dos quais roubaram a dignidade de filhos de Deus.

          Essa afirmação mostra que a caminhada, a espiritualidade e a alegria franciscana são fundamentais para a evangelização de um mundo carente de amor, onde os valores se invertem, e os ensinados são os contra valores: a impunidade, a corrupção, a falta de ética, o individualismo, a soberba, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas e relacionamentos superficiais, entre outros.

Paralelamente a todos esses problemas morais, espirituais e sociais onde a corrupção muitas vezes é usada por pessoas que detêm cargos de autoridade (empregos e funções) para tirar vantagem dos outros e das situações agindo com desonestidade.

Nosso Senhor Jesus Cristo ao lavar os pés dos seus discípulos (Jo 13,1-15), ensina – nos o que é ser discípulo:  estar sempre comprometido com o próximo e em íntima unidade com Ele, o Mestre. Inspirado neste sublime gesto, nosso pai seráfico São Francisco de Assis configurando-se ao Senhor, se fez irmão menor em harmonia com toda criação, colocando – se a serviço dos mais pobres e excluídos.

A Constituição Dogmática LUMEN GENTIUN sobre a Igreja no artigo 31 nos orienta:“É própria e peculiar dos leigos a característica secular. Com efeito, os membros da sagrada Ordem, ainda que algumas vezes possam tratar de assuntos seculares, exercendo mesmo uma profissão profana, contudo, em razão da sua vocação específica, destinam-se sobretudo e expressamente ao sagrado ministério; enquanto que os religiosos, no seu estado, dão magnífico e privilegiado testemunho de que se não pode transfigurar o mundo e oferecê-lo a Deus sem o espírito das bem-aventuranças. Por vocação própria, compete aos leigos procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e atividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as quais é como que tecida a sua existência. São chamados por Deus para que, aí, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade. Portanto, a eles compete especialmente, iluminar e ordenar de tal modo as realidades temporais, a que estão estreitamente ligados, que elas sejam sempre feitas segundo Cristo e progridam e glorifiquem o Criador e Redentor.”

Inspirados pela força do alto, os leigos, devem se desprender-se de seus conflitos existenciais para se abrir à graça de Deus. É preciso praticar ações cristãs, um exercício de êxtase diante do Senhor, uma busca inquieta pela intimidade com o próprio Deus como fez Francisco de Assis em seu processo de conversão para alcançar o estado de Santidade.  As práticas humanas devem estar intimamente ligadas ao altar da cruz, para que no monte do Gólgota possamos nos configurar a CRISTO – Pobre e Sofredor – e nos tornarmos semelhantes a Francisco de Assis que foi se configurando ao Senhor Sofredor, e, no final, recebido em seu corpo os sinais da Paixão. A missão Evangelizadora da Igreja Católica e Apostólica Romana é inerente à nossa Regra de Vida, uma vez que nossa Ordem estar inserida Nela.

Francisco de Assis, promoveu a maior revolução em seu tempo dentro da Mãe Igreja sem sair e desrespeitar os seus ensinamentos Evangélicos e doutrinais, guiando seus seguidores sob a Luz do Senhor Crucifixo de São Damião que lhe pede para “Reconstruir a sua Igreja”. Como irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular, precisamos cultivar em nós o ardor evangelizador e missionário, a opção pelos pobres e sofredores. O mesmo Espírito que inspirou o pobre de Assis é o mesmo que move toda a família franciscana nos dias atuais. A Igreja Católica há mais de 2000 anos nos orienta a um caminho de Santidade a serviço do Reino. A Santa Missa é o canal de todas as graças, onde o franciscano secular pode fazer forte experiência de intimidade com o Senhor. 

Para concluímos nossa reflexão franciscana, como vocacionados, no espírito de serviço e de oração em Cristo, busquemos nos fundamentar sobre nossa história eclesiástica na missão franciscana como via sacra da salvação eterna. Procuremos a iluminação da Constituição Pastoral Gaudium Et Spes sobre a Igreja no mundo atual que mais uma vez irá nos exortar sobre: A EDIFICAÇÃO DO MUNDO E SUA ORIENTAÇÃO PARA DEUS. Que diz:

“93. Lembrados da palavra do Senhor: «nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros» (Jo. 13, 35), os cristãos nada podem desejar mais ardentemente do que servir sempre com maior generosidade e eficácia os homens do mundo de hoje. E assim, fiéis ao Evangelho e graças à sua força, unidos a quantos amam e promovem a justiça, têm a realizar aqui na terra uma obra imensa, da qual prestarão contas Aquele que a todos julgará no último dia. Nem todos os que dizem «Senhor, Senhor» entrarão no reino dos céus, mas aqueles que cumprem a vontade do Pai (2) e põem seriamente mãos à obra. Ora, a vontade do Pai é que reconheçamos e amemos efetivamente em todos os homens a Cristo, por palavra e por obras, dando assim testemunho da verdade e comunicando aos outros o mistério do amor do Pai celeste. Deste modo, em toda a terra, os homens serão estimulados à esperança viva, dom do Espírito Santo, para que finalmente sejam recebidos na paz e felicidade infinitas, na pátria que refulge com a glória do Senhor.

«Aquele que, em virtude do poder que atua em nós, é capaz de fazer que superabundemos para além do que pedimos ou pensamos, a Ele seja dada a glória na Igreja e em Cristo Jesus, por todos os séculos dos séculos. Amém» (Ef. 3, 20-21). Roma, 7 de Dezembro de 1965 - PAPA PAULO VI”

 Como irmãos que cultivam atitudes fraternas devemos amar uns aos outros tal qual amamos a nós e a Cristo; nisto nos identificaremos como autênticos Cristãos e irmanados pelo espirito franciscano seremos úteis ao próximo e nos tornaremos canal da graça de Deus agindo com competência no exercício da própria profissão, “não para sermos elogiados, e ter promoção pessoal, mas porque isso é um dever, uma obrigação” e é natural do ser franciscano. Assim poderemos traçar nosso caminho até o céu servindo ao nosso Criador seriamente. E, como barro nas mãos do oleiro, nos deixaremos modelar por Ele.

É preciso experimentar a graça edificante do Senhor, aderir ao projeto que escreveu para nós e, vigiar para que não exista contradição em nossas atitudes e ações e assim possamos ser realmente Sal e Luz do mundo.

Por fim chegamos à pessoa de Cristo o bem-amado do peregrino de Assis que nos converte e nos modifica nos tornando homem e mulheres novos pela força transformadora do Espirito Santo que nos guia e anima enquanto caminhamos nesta terra de Santa Cruz.

Sejamos realmente filhos e filhas a exemplo do Seráfico Francisco para que, com ele, possamos louvar e bendizer o Cordeiro imolado, no Céu, nossa morada Eterna.

SUGESTÃO DE LEITURA

Mt 25, 35-45

Sl 128

 

3 - ATITUDE CONCRETA:

Unidos em Fraternidade, reflitam e proponham respostas para as questões abaixo:

·         Como posso testemunhar não só com palavras, mas com ações?

·         Como posso construir um mundo mais fraterno e evangélico?

·         Como posso desenvolver um espírito de serviço e oração?

·         De que forma posso ir ao encontro do outro, sendo Igreja?

 

4 - CANTO FINAL (Despojamento – Pe. Zezinho)

5 - ORAÇÃO FINAL

Ó São Francisco, estigmatizado do Monte Alverne,

o mundo tem saudades de ti como imagem de Jesus Crucificado.

Tem necessidade do teu coração aberto para Deus e para o homem,

dos teus pés descalços e feridos,

das tuas mãos trespassadas e implorantes.

Tem saudades da tua voz fraca, mas forte pelo Evangelho.

Ajuda, Francisco, os homens de hoje a reconhecerem

o mal do pecado e a procurarem a purificação da penitência.

Ajuda-os a libertarem-se das próprias estruturas de pecado,

que oprimem a sociedade hodierna.

 

Reaviva na consciência dos governantes a urgência da paz

nas Nações e entre os povos.

Infunde nos jovens o teu vigor de vida, capaz de fazer frente

às insídias das múltiplas culturas da morte.

 

Aos ofendidos por toda espécie de maldade,

comunica, Francisco, a tua alegria de saber perdoar.

A todos os crucificados pelo sofrimento, pela fome e

pela guerra, reabre as portas da esperança.

Amém.

 

6 - Referências:

XVI,BENTO. Exortação Apostólica Pos – Sinodal Verbum Domini.São Paulo – 2011;

FRANCISCANA, Ordem. Regra . Rio de Janeiro 2017;

Biblia, Sagrada.Edição Pastoral. São Paulo 1990;

<http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651207_gaudium-et-spes_po.html>

<http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html>

 

Autora do texto: LEONILDE COSTA PINHEIRO, OFS

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