Segunda, 23 Outubro 2023 23:06

O TERRORISMO COMPARTILHADO DO HAMAS E DE NETANYAHU

ORDEM FRANCISCANA SECULAR DO BRASIL

SERVIÇO DE JUSTIÇA, PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO


Nós e todos os seres do universo, sendo criados pelo mesmo Pai, estamos unidos por laços invisíveis e formamos uma espécie de família universal, uma comunhão sublime que nos impele a um respeito sagrado, amoroso e humilde.
Laudate Deum,67
Nos últimos dias os noticiários ocupam quase a totalidade de suas edições com matérias a respeito do conflito entre o grupo Hamas e o Estado de Israel. Bastou este último sofrer um violento ataque para que a imprensa mercadológica mundial dispensasse toda sua dedicação em publicar manchetes que coloquem Israel como a única vítima e, consequentemente, o Hamas como o único vilão. Entretanto, a história conta outra coisa. No conflito Israel x Palestina, desde 2000, o número de palestinos mortos é de 6.568 contra 1,4 mil israelenses . As mortes infantis giram em torno de 1.524 mil palestinos e de israelenses . Para que entendamos a proporção, a Palestina tem 5.587 milhões de habitantes enquanto Israel tem 9.661 milhões. Em suma, morre muito mais palestinos do que israelenses nessa insanidade bélica, desde 2000. Mas, diante desta realidade do Oriente Médio, que vertente ou tendencia escolher? Como cristão, nenhuma!
O primeiro e óbvio motivo é que o cristão deve ser sempre e inegociavelmente, promotor da paz. Não podemos nunca escolher vertentes e tendências que matam. O Hamas é um grupo terrorista, que não luta como resistência, mas como vingança, sem a pretensão de negociar a paz. Na outra extremidade está a personalidade sádica e calculista (megalomaníaco) de Benjamin Netanyahu, um radicalismo já visto antes em outras figuras da história recente. Ele quer promover uma “faxina étnica”. Parece não ter aprendido nada com a história de seu povo: com o exílio da Babilônia, com a dominação do Império Romano, com os campos de concentração durante a Segunda Grande Guerra.
A Trindade Santa quis que Jesus nascesse na cidade palestina de Belém tendo pais também palestinos, de Nazaré, todos de fé judaica. Porque o projeto do Deus de Jesus e nosso é de unidade no amor, a opressão ao povo palestino fere intimamente Seu o coração amoroso. A terra prometida é para todos, a salvação também. O povo palestino vem sofrendo por décadas violações de direitos humanos que dilaceram sua dignidade como filhos de Deus. O avanço do governo de Israel sobre os territórios do povo palestino é sistemático e planejado. A fome e a miséria invadem milhares de lares todos os dias na faixa de Gaza por mais de 50 anos. Por outro lado, as reações palestinas foram sequestradas por um grupo extremista – o Hamas – que deturpa o livro sagrado de sua religião para promover vingança, tornando ainda maior o abismo que separa qualquer possibilidade de diálogo, tornando a guerra uma dinâmica que parece infindável. Não existe guerra santa; ela é, por si só, uma prática de anti-Reino. Um cristão não pode estar em um lado da guerra; nossa fé é naquele que o profeta anunciou como “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, PRÍNCIPE DA PAZ” (Is 9,5).
Nós, da Ordem Franciscana Secular do Brasil, acreditamos que a única saída é a paz e a entendemos como respeito ao território original da Palestina e a aplicação plena dos direitos humanos a todo o povo palestino, bem como a todos os povos do planeta. Estado Palestino é a paz, fruto da justiça. Vivemos a fé no Messias, predito por Isaías, à maneira de Francisco de Assis. Nosso pai seráfico, diante de uma situação conflituosa, foi buscar uma alternativa de paz junto ao sultão Malik Al-Kamil, disposto até mesmo a entregar sua própria vida. A cultura da paz é o que marca nosso caráter e nossa Regra nos lembra disso: “como portadores de paz e lembrando-se de que ela deve ser construída incessantemente, procurem os caminhos da unidade e dos entendimentos fraternos mediante o diálogo...”(n.19). Não pode haver simpatia bélica em um franciscano. Nosso carisma é a construção da paz pelo estabelecimento da justiça que difere de vingança. Nesta dinâmica genocida, estamos do lado de fora, do lado da paz; inadmissível o flerte com nações que, no lugar de proporem uma solução pacífica, incitam ainda mais o conflito para venderem suas armas de última geração. Sonhamos com um mundo novo, livre de guerras, onde justiça e a paz se abracem, uma realidade esperançosa que ousamos chamar de Reino de Deus.


Paz
سلام
שלום


Brasil, 23 de outubro de 2023
Vésperas do Dia do Espírito de Assis

Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação
da Ordem Franciscana Secular do Brasil- JPIC- OFS Brasil

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