Quinta, 17 Abril 2014 20:58

Quinta-feira Santa: Ceia do Senhor

17 de abril de 2014- Ceia do Senhor- Êxodo 12, 1-8. 11-14; 1 Coríntios  11, 23-26;  João 13, 1-15

 

            Os cristãos celebram a liturgia desse dia com o coração cheio de júbilo.  É a ceia do Senhor, a ceia do adeus.  Na sala superior Jesus aguarda os seus para esta refeição pascal que antecede sua verdadeira páscoa, páscoa da passagem das trevas para a luz, da morte para a vida, páscoa que, posteriormente, seria realizada nas celebrações eucarísticas de sua esposa a Igreja até o final dos tempos.

 

            Era uma tarde solene. Jesus vestia o manto. Severiano de Gábatavai nos ajuda a viver essa quinta-feira da ceia e do serviço.

 

“Assumindo os traços de nossa humanidade, o Senhor do universo revestiu a condição de servidor, e o fez de uma maneira muito peculiar à ação de Deus na encarnação, quando levantou-se da mesa  (cf. Jo 13,4). Aquele que cuida da subsistência de todos os seres  que existem debaixo do céu sentara-se à mesa com os seus apóstolos, o Senhor com os escravos, a fonte da sabedoria no meio dos ignorantes, o Verbo entre os homens sem instrução,  o autor da inteligência com os iletrados. Aquele que dá a todos o alimento toma seu alimento na mesma mesa com seus discípulos, e aquele que providencia a subsistência do universo recebe sua  subsistência.

 

Diz o evangelista: Ele se levantou da mesa. Aquele que se reveste de majestade e esplendor (cf. Sl 103,2) revestiu-se de um manto; aquele que cinge os céus de nuvens cingiu-se com uma toalha; aquele que faz correr a água dos lagos e dos rios, derramou água numa bacia. Ele, perante, quem tudo se ajoelha nos céus, na terra e nos abismos, lavou, de joelhos, os pés de seus discípulos.

 

O Senhor do universo lavou os pés de seus discípulos. Não ofendeu com isso sua dignidade, mas mostrou seu imenso amor pelos homens. Entretanto, por mais intenso que tenha sido esse amor, Pedro não esqueceu a majestade do Senhor. O homem cujo ímpeto sempre o levava a acreditar foi igualmente rápido em reconhecer a exata verdade. Os outros discípulos, não por indiferença, mas por temor, deixaram o Senhor lavar-lhes os pés, e nada tiveram a dizer. Mas o respeito impediu Pedro de deixá-lo fazer, dizendo: Senhor, tu me lavas os pés?  Tu não me lavarás os pés nunca! (Jo 13, 6-8)

 

Pedro falou com bastante rudeza. Julgava bem, mas ignorando o modo como Deus age, foi por espírito de fé que recusou, mas, em seguida, obedeceu de bom coração. Na verdade, é assim que o fiel cristão deve se comportar;  não  deve se obstinar em suas decisões, mas ceder à vontade de Deus. Pois, se Pedro exprimiu sua opinião de maneira tão humana, arrependeu-se por amor a Deus.

 

Quando o Salvador constatou a resistência tenaz de sua alma, resistência mais forte do que qualquer barreira, diz: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo (Jo 13,8).  Considera atentamente como o caso era grave e, como o Salvador quebrou a resistência de Pedro. Mostrando-se mais rude do que ele, o Senhor o dobrou de maneira inflexível: excluiu Pedro de sua companhia para fazer triunfar a vontade de Deus  sobre a obstinação humana.

 

Desde aquele momento, Pedro, homem bom e admirável, pronto a exprimir sua opinião, foi igualmente rápido em expressar seu arrependimento. Sentindo a dureza das palavras que lhe foram dirigidas, mostrou-se radical em seu arrependimento, e disse: Não só os pés, mas também as mãos e a cabeça (Jo 13,9).  Purifica-me todo inteiro, lava-me completamente, para que eu possa dizer com Davi: Lavai-me e mais branco do que a neve ficarei (Sl 50).  Mas o Salvador lhe respondeu: Quem tomou banhou não precisa senão lavar os pés (Jo 13,10).

 

Então por que lhes lavou unicamente os pés? Foi por causa das viagens que os apóstolos deviam fazer. Lavando-lhes os pés, não apenas os limpou, mas sobretudo deu firmeza aos pés dos santos. Essa bela ablução dos pés fora vista por Isaías muitos séculos antes. Sabendo que não era uma ablução humana mas uma purificação divina, proclamou com voz retumbante. Como são belos os pés de quem anuncia a boa nova, dos mensageiros da paz (Is 52,7). O Salvador tocou-lhes os pés, feitos de argila, para  torna-los resistentes, pois eles deviam  percorrer a terra inteira que está debaixo do céu. (Lecionário MonásticoII, p. 567-569)

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