Capítulo XVI
Não queria satisfazer seu corpo com aquilo que julgava faltar aos outros irmãos.
1 Quando o bem-aventurado Francisco morou no lugar de Santo Eleutério, perto de Rieti, costurou, por causa do frio, alguns remendos por dentro de sua túnica e da túnica de seu companheiro, 2 pois trazia somente uma túnica, isto é, a habitual; por isso, seu corpo começou a sentir-se um pouco consolado.
3 Pouco depois, quando voltava da oração, disse com grande alegria a seu companheiro: “Eu devo ser modelo e exemplo para todos os frades; 4 por isso, embora meu corpo necessite ter uma túnica forrada, devo, todavia, considerar que os outros irmãos meus, que sentem a mesma necessidade, talvez não a tenham nem possam ter. 5 Por isso, tenho que condescender com eles, para sofrer as mesmas necessidades que também eles sofrem, para que, vendo isso em mim, eles consigam suportá-las com mais paciência”.
6 Mas quantas e quão grandes necessidades negou a seu corpo para dar bom exemplo aos frades, para eles suportarem com mais paciência suas privações, nós que com ele vivemos (cf. 2Pd 1, 18) não podemos explicar com palavras ou escritos. 7 Pois, depois que os frades começaram a se multiplicar, dedicou-se com grande e especial empenho a ensinar aos frades, mais com obras do que com palavras, o que deviam fazer ou evitar.
Reflexão:
Nesse texto a ideia principal é o exemplo que uma liderança deve dar ao grupo a que está servindo. Mais que um líder, no nosso caso, o ministro é um servidor. Aquele que deve orientar e cuidar dos irmãos e irmãs. Portanto, para Francisco, ele deve ensinar através do exemplo.
Jesus pregava, mas seus passos, narrados nos Evangelhos, é que nos fazem refletir sobre como devemos agir diante dos irmãos e irmãs. Se eu não assumo posições coerentes como ministro ou ministra, meus irmãos e irmãs de fraternidade também não o farão. A autocrítica é fundamental.
Devemos então pensar, por exemplo, como está aqui assinalado, como é a forma que me visto, que me dirijo a todos, que conduzo os trabalhos e tudo o mais. Será a partir disso que os irmãos e irmãs, principalmente os que estão em formação, se conduzirão na vida fraterna. Quanto a isso, nosso Pai Seráfico já nos avisou: Tome cuidado com a sua vida, talvez seja o único evangelho que as pessoas leiam.
Isso também deve ser levado em conta quando de nossos Capítulos Eletivos. Não se tratam de momentos de política institucional. Quem estamos escolhendo para ser o ministro ou ministra nada tem a ver com poder, dinheiro, discurso e outros elementos que em nada lembram os ensinamentos de São Francisco. O que deve ser levado em conta é se a pessoa é um exemplo e se, através da vida dela, será uma boa influência para a fraternidade.
Aos que vivem há certo tempo a dinâmica dos regionais e fraternidades, fica claro que nem sempre veem as eleições serem tratadas dessa forma. Por vezes, são grupos lutando pelo poder e pela oportunidade de colocar seus planos em detrimento da vivência fraterna.
Por isso devemos, antes das eleições, sempre lembrar dos elementos norteadores de nossa vida francisclariana. Depois desse exame devemos observar quem são os irmãos e irmãs que serão um exemplo, além de possuírem equilíbrio para servirem à fraternidade de forma realmente fraterna.
Para meditar:
1 - A partir de uma revisão de vida, será que constatamos que somos exemplo para nossa família e nossos irmãos?
2 - Como têm sido eleitos os ministros e ministras de nossas fraternidades e regionais? Será que estamos observando o exemplo colocado no texto?
3 - E os ministros e ministras, será que têm sido esse exemplo? Será que estão sendo chefes ou irmãos servidores?
Texto de Jefferson Eduardo dos Santos Machado - Coordenador de Formação da Fraternidade Nossa Senhora Aparecida - Nilópolis (RJ)
