Sábado, 17 Setembro 2022 02:52

CHAGAS DE SÃO FRANCISCO

 

Celebramos o mistério da Cruz que se fez visível na carne de Francisco, realizando-se em seu corpo, de forma visível, aquilo que disse o Apóstolo: “de agora em diante ninguém me moleste, pois, carrego em meu corpo as marcas do Senhor Jesus”!

Francisco nos ensina que não podemos ser todo para os demais se não se é todo para o Senhor. E não se pode ser todo para o Senhor, quem não se encontra constantemente consigo mesmo. Também nos exorta na necessidade de buscar para a nossa existência, um “projeto de vida, ou seja, dedicar tempo para Deus, e dedicar tempo para nós mesmos. Francisco, verdadeiro “mendicante de sentido”, estava sempre à procura do homem e sempre à procura de Deus e de sua vontade.
O homem é certamente um “ser social”, criado “para a relação”, porém, a experiência demonstra, que só quem pode viver sozinho também sabe viver plenamente as relações. Só quem não teme descer na própria interioridade sabe afrontar o encontro com a alteridade, com Deus e com os demais. Quem assume a solidão como fez Francisco, é quem mostra o valor de enfrentar-se consigo mesmo, de reconhecer e aceitar como tarefa própria o ser “ele próprio”. Por outro lado, se alguém, como Francisco, tem como objetivo buscar a vontade de Deus não a pode encontrar refugiando-se no “grupo”, no anonimato da multidão e nem mesmo fechando-se em si mesmo.  A solidão é lugar de unificação do próprio coração e da comunhão com Deus e com os demais. Certamente, o cristão, como Jesus, deve preencher a solidão com a oração, com a luta espiritual, com o discernimento da vontade de Deus.
Na verdade, o Cristo, em quem dizemos que cremos e que dizemos amar, o encontramos constantemente em lugares afastados para orar, buscando a solidão para viver a intimidade com o Abba e para discernir sua vontade. Aquele que viveu na cruz a plenitude da intimidade com Deus, conhecendo o abandono de Deus, recorda ao cristão que a solidão é mistério de comunhão e nos ensina que a máxima solidão manifestada na cruz é mistério de amor.
A cruz se converteu num selo de pertença a Deus em Jesus. Levar a cruz cada dia é assumir nossos males, é morrer cotidianamente por Cristo. Tomar a cruz significa sentir-se crucificado com Cristo, ser partícipes da Paixão do Senhor Jesus, sentir que somos dele e que já não nos pertencemos mais a nós mesmos. Assim também para os cristãos levar a cruz não é opcional, mas é uma missão que deve abraçar com amor. Em nosso mundo atual, onde parecem dominar as forças que dividem e destroem, Cristo continua oferecendo a todos, seu claro convite: “quem quiser ser meu discípulo, renegue ao próprio egoísmo e carregue comigo a cruz”. Como cristãos, nossa vida deve levar impressas as características de Jesus, o Filho crucificado por amor.

(Marcos Pereira – Coordenador Nacional do SEI)

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