18 de abril de 2014- Sexta-feira da Paixão- Paixão de Jesus Cristo segundo João (Jo 18,1-19,42)
“Ó VÓS TODOS QUE PASSAIS PELO CAMINHO, PARAI UM INSTANTE: VEDE SE HÁ DOR IGUAL À MINHA DOR”.
Depois de uma caminhada entre o pretório e a colina do Gólgota o cortejo termina a caminhada. Ele, Jesus, o mais belo dos filhos dos homens, o filho da Virgem Maria, aquele que veio do mistério do Pai, na noite dos tempos, o desejado das colinas eternas, o Verbo feito carne chega ao local do suplicio. Umas poucas pessoas ali presentes. Os soldados e funcionários tinham pressa que tudo se realizasse o mais breve possível. Afinal de contas, muitos e muitos homens foram executados ao longo do tempo. Para eles tratava-se de alguma coisa costumeira e quase banal. Não se deram conta que aquele suplício tinha grande dimensão, inusitado alcance.
Pregado à cruz Jesus é elevado da terra aos espaços. Contorce-se de dor, sente falta de ar, experimenta sede. Contempla do alto desse trono, os circunstantes e mesmo os que não estão ali e que viriam a existir no correr do tempo e no decorrer dos séculos. Solidão, abandono. O próprio Pai parecia mudo. No meio de tudo uma ultima provação... “Em tuas mãos eu entrego o meu espírito”
“A paz do céu é entregue pelo beijo de um traidor, prende-se aquele que rege o universo, algema-se o elo de toda a criação, arrasta-se aquele que atrai o mundo inteiro, a verdade é acusada pela mentira, faz-se comparecer a juízo aquele diante de quem todas as coisas se curvam. Os judeus o entregam aos pagãos, os pagãos o devolvem aos judeus; Pilatos o envia a Herodes, Herodes o devolve a Pilatos. A piedade torna-se um comércio de impiedade, a santidade é objeto de um negócio cruel. A bondade é flagelada, o perdão condenado, a majestade escarnecida, a virtude ridicularizada. Sobre o dispensador das chuvas, chovem os escarros. Pregos de ferro cravam aquele que estende os céus. Aquele que dá o mel é alimentado pelo fel; o que faz correr as fontes é saciado pelo vinagre e, ao se esgotarem todas as penas, a morte de afasta, a morte tarda, por compreender que ali não há nada para ela” (São João Crisóstomo).
Neste cenário tão cheio de fé e de dor, ele entrega o espírito, morre, mas morre já anunciando a vida por dá o Espírito.
Que te fiz, meu povo eleito? Dize em que te contristei?
Que mais poderia ter feito, em que foi que te faltei?
Frei Almir Ribeiro Guimarães