Frei Luiz Iakovacz
Ao longo de sua história, a ONU, seguidamente, promulga anos temáticos para que o mundo se conscientize sobre problemas globais como fome, meio-ambiente, tráfico, guerras. Sugere pistas e apelos aos governantes, ONGs e religiões. Foi assim, em 1986, quando o declarou Ano Internacional da Paz.
Sentindo-se interpelado, o Papa João Paulo II convidou as lideranças das religiões para um encontro, em Assis (Itália), no dia 27 de outubro. A finalidade era esta: um dia de oração pela paz. O local não poderia ser outro, Assis, porque ali nasceu, viveu e morreu um dos homens mais influentes na construção da paz, Francisco de Assis (1182 – 1226).
Paz é um dom de Deus, “deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” (Jo 14, 27); por isso, deve ser suplicada. É, também, fruto da ação humana, “felizes os construtores da paz” (Mt 5, 9).
Paz! Palavra com, apenas, três letras, mas quem a tem, tem tudo. É como uma pedrinha no calçado. Por mínima que seja, ela nos inquieta e o nosso andar é desajeitado. Se quisermos que a vida flua, normalmente, precisamos da Paz. Não só com a ausência de armas e malquerenças, mas também aquela que é “fruto da justiça” (Papa Paulo VI).
A partir deste 27 de outubro – tão significativo e mundialmente conhecido – a Igreja Católica o celebra como Dia Mundial de Oração pela Paz.
Já se passaram trinta anos e o mundo continua se digladiando em nível pessoal, nacional e internacional. Vale a pena continuar?!
Lembremo-nos que, no meio do trigo, o inimigo semeia o joio (cf. Mt 13, 24-30). Ele está dentro de nós, como está – e principalmente – na ganância do “capitalismo selvagem” que atiça países ricos e tidos como democráticos, a fazerem da “corrida armamentista” sua maior fonte de renda, apoiando e patrocinando guerras.
Não nos iludamos, porém! As religiões provocaram e ainda provocam conflitos armados. João Paulo II já o dizia naquele memorável dia: “Evitemos que a religião seja instrumentalizada, gerando violência e alimentando conflitos”.
Ao falar da guerra na Síria, o Papa Francisco assim se expressou: “A Cruz de Cristo é um dos caminhos para a Paz. Nela podemos ver a resposta de Deus: ali a violência não respondeu com violência, a morte não respondeu com a morte. No silêncio da Cruz se cala o fragor das armas e fala a linguagem da Paz”.
Para concluir, uma frase anônima que nos faz refletir: “As armas não garantem a paz. O poder enlouquecido também mata os poderosos. A paz, depois de uma guerra, é o silêncio dos mortos e o espanto mudo dos vivos”. É de pensar, mesmo: “A paz, depois de uma guerra, é o silêncio dos mortos e o espanto surdo dos vivos”.