por Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Muitos já escreveram sobre Francisco, esse personagem de Assis que viveu de 1181 a 1226. Embora seja tarefa laboriosa é possível escrever livros e mais livros sobre sua vida e seus feitos e dissertar sobre aquilo que viveu. Difícil, no entanto, chegar ao seu ser mais profundo, ao íntimo de seu mistério.
Francisco é um mistério. Já o era para seus contemporâneos, continua sendo para nós. Um mistério não pode ser desnudado levianamente. Do contrário se destruiria o enigma e, com ele, a realidade. Ele mesmo dizia que as graças que recebeu não podiam ser expostas. Era preciso “guardar os segredos do Rei”. O mistério há de ser respeitado na sua insondável profundidade e tensão. Diante do mistério é preciso calar, entrar em contato com ele.
Francisco é como uma obra de arte. Uma obra de arte não pode ser entendida através de uma simples descrição. Quem não a viu, ouviu ou tocou, não formará dela uma ideia adequada. Com toda explicação que se possa dar não se conseguirá transmitir a um cego de nascença, a um surdo, ou a um homem privado do olfato um conceito adequado daquilo que significa cor, som e perfume.
Francisco foi tão original e único que dificilmente se pode encontrar um paralelo. E por isso era incomparável no que tinha de mais pessoal e próprio. Sua admirável presença nos deixou apenas algumas poucas, porém inestimáveis páginas de louvores, ordenações e orações.
Ele é admirável, incomparável... um mistério. Há pessoas, desejosas de buscar a santidade de vida, que procuram atingir seu objetivo através do seguimento do Evangelho à maneira de Francisco. Chamamos a estes de franciscanos. Uns se tornam religiosos. Outros, vivem no mundo. São os cristãos franciscanos seculares.
Fonte de inspiração: Francisco de Assis. O santo incomparável. Joseph Lortz, Vozes, p. 11-12