O Dia de São Francisco de Assis foi celebrado com muita devoção na Igreja de São Francisco da Prainha, no Centro do Rio de Janeiro. Pela primeira vez, após a reforma da Igreja, atual sede nacional da Ordem Franciscana Secular do Brasil (OFS) e das obras de revitalização do entorno da Praça Mauá, o espaço foi reaberto para homenagear o Pobrezinho de Assis.
A programação teve início, pela manhã, com a tradicional bênção dos animais. São Francisco de Assis foi declarado por São João Paulo II, em 1978, patrono da Ecologia, e por ocasião de sua festa, muitos féis levaram os animais de estimação de várias raças e diferentes tamanhos para serem abençoados no pátio da igreja. Cada dono deu um jeito de levar seu animalzinho, seja na coleira ou no colo para louvar a Deus pelo dom da Criação.
A bênção aos animais torna presente a necessidade da preservação da vida e do meio ambiente para as presentes e futuras gerações. São Francisco louvava a Deus pela obra da Criação e reconhecia que todas as criaturas compartilhavam do destino da humanidade e estão ligados à sua vida. Preservar o meio ambiente é fundamental para manter a saúde do planeta e de todos os seres vivos que nele habitam.
Antes da bênção, Frei Antônio Otávio Ferreira, OFM, do Convento Santo Antônio, destacou que o cuidado que temos com os animais revela o nosso cuidado e respeito com toda a obra da Criação, pois ao invocarmos a bênção de Deus sobre os animais, damos graças a Ele por nos ter elevado acima de todas as criaturas, exigindo de nós maior responsabilidade e cuidado na administração dos bens naturais que o Senhor nos confiou.
Frei Antônio Otávio ainda fez menção à recente encíclica do Papa Francisco, 'Laudato Si' (do italiano, “Louvado Sejas”), publicada em junho deste ano, na qual o Santo Padre nos propõe uma nova forma de relacionamento com nossa irmã Terra, a exemplo de São Francisco de Assis, para que cheguemos a uma verdadeira conversão ecológica.
Ao meio dia, foi celebrada a solene missa em honra do Glorioso São Francisco de Assis presidida pelo Frei Athaylton J. Monteiro Belo, vigário paroquial da Paróquia São João Batista, São João de Meriti (RJ), e popularmente conhecido como Frei Tatá, e com os cantos animados pela irmã Maria Tereza da Conceição Ribeiro, vice-ministra da Fraternidade Santo Antônio, do Largo da Carioca, Centro do Rio de Janeiro.
Em sua homilia, frei Tatá traçou um paralelo entre a pobreza franciscana entre a pobreza franciscana e a encíclica 'Laudato Si'. Segundo ele, São Francisco não desejou uma vida sem nada de próprio e seu exemplo de pobreza nos traz uma mensagem de vida bem atual, dedicada a viver o equilíbrio entre o ser humano e a natureza, protegendo as criaturas vítimas da pobreza e da fome, assim como irmãos do meio natural: a água, as aves, os animais e as criaturas em geral.
O religioso ressaltou ainda, a importância da presença franciscana secular na histórica Igreja de São Francisco da Prainha, exortando os irmãos a estarem presentes na vida da comunidade para acolher e levar a todos a paz e o bem, sobretudo aos mais pobres e excluídos, a exemplo de São Francisco de Assis. Em seus pronunciamentos, o Papa Francisco nos exorta para que sejamos, cada vez mais, uma Igreja em saída e estado permanente de missão para anunciar o Santo Evangelho às periferias existenciais e territoriais.
Frei Tatá agradeceu a todos pela acolhida fraterna e encerrou a celebração com a solene Bênção de São Francisco de Assis. Após a celebração, a comunidade local experimentou momentos de saudável convívio, dando testemunho do amor pelo 'Pobrezinho de Assis' e da alegria da vida em fraternidade.
História
Construída em 1696 pelo Padre Francisco da Motta e doada em testamento à Ordem Terceira de São Francisco da Penitência em 1704, a igreja é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como monumento artístico. A reconstrução tornou-se tradição desde que a primeira capela foi erguida no século XVII.
Durante a invasão francesa, em 1710, as tropas de Jean-François Duclerc estavam encurraladas entre a capela e o trapiche (armazém próximo ao cais para depósito e guarda de mercadorias) de propriedade da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. Para provocar a rendição do inimigo, o então governador Castro Morais ordenou o incêndio dos dois prédios. Por alguns anos, tudo ficou em ruínas, até que a Ordem mandou reedificar o trapiche, à época, o mais importante da cidade.
Em 4 de novembro de 1738, a nova capela foi construída no local da antiga para satisfazer o grande número de fiéis. A nova Igreja de São Francisco da Prainha ficou pronta em 1740. Tombada desde 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional (Iphan) como monumento artístico, o templo encontrava-se fechada há desde 2004 devido a problemas de conservação.
Nos últimos dois anos, o a igreja passou por uma restauração promovida pelo programa Porto Maravilha Cultural, coordenado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), que prevê investimentos na valorização do patrimônio material e imaterial local. Segundo dados da Prefeitura da Cidade o Rio de Janeiro, foram gastos R$ 2,9 milhões no restauro que trocou pisos, forros e coberturas, e recuperou as pedras de cantaria (rocha bruta talhada manualmente).
A Igreja ficará aberta a visitação das 9h00 às 11h30 e das 13h00 às 16h00, de segunda a sexta-feira. A Igreja fica na Rua Sacadura Cabral, s/nº, próxima a Praça Mauá. Venha conhecer uma parte da história da Ordem Franciscana Secular do Brasil. Paz e Bem!
Cláudio Santos, OFS.