Escutai, ó Senhor Deus, minha oração,
atendei a minha prece, ao meu clamor!
Dos confins do universo a vós eu clamo
e em mim o coração já desfalece.
Conduzi-me às alturas do rochedo,
e deixai-me descansar neste lugar!
Pois sois meu refúgio e fortaleza,
torre forte na presença do inimigo.
Salmo 60, 2-4
Uma das mais nobres e belas atividades daqueles que se sabem amados pelo altíssimo é a oração. O salmista coloca diante do Senhor seus estados de alma e aquilo que anda desejando seu coração inquieto, coração que desfalece em seu peito. Ninguém é digno de aproximar-se do Senhor. Quando nos propomos a entrar em contato com ele na prece pessoal, de modo especial a que é feita no quarto com a porta fechada somos invadidos por mil preocupações e possuídos por distrações. Os verbos do salmista: escutai, atendei. E seu grito se reveste de clamor. Estas são as posturas corretas: suplicar que o Senhor oriente seus ouvidos para nosso grito de clamor.
Todo verdadeiro discípulo quer ser digno do Mestre. Desde a juventude tem encontros marcados com aquele que bate à porta e fixa seus olhos nos seus olhos. Corre, luta, cai, levanta-se, anima-se, desfalece. É fiel e é infiel. Chora a banalidade e a frieza de seu amor pelo Cristo Jesus do coração fissurado e dilacerado. Sente que não é deste mundo, que não é debaixo, mas do alto. E, no entanto, é todo fragilidade. Há o peso da vida, do trabalho, das decepções, do cansaço de buscar o caminho. Há essas experiências doídas e doloridas de solidão. O coração no peito do discípulo desfalece!
Os evangelhos nos dizem que Jesus e os discípulos eram envolvidos de tal forma pela multidão que não tinham tempo para nada. De quanto em vez o Mestre pede que os apóstolos busquem um lugar tranquilo e que descansem, que repousando o corpo descansem no Senhor. Chega de tanta correria tola.
Conduzi-me às alturas do rochedo,
e deixai-me descansar neste lugar!
O rochedo é o Coração do Senhor. O discípulo quer abrigo em sua intimidade. Precisa deixar de correr, pensar, programar, revisar. A primeira sexta-feira de cada mês é um convite ao repouso da contemplação. O discípulo é convidado a estar com o Senhor nesse peito aberto, nesse fissura, nesse ninho
Contemplação, pedido de perdão, desejo de reparação tomam conta daqueles que são alçados “às alturas do rochedo”.
Há inimigos. Alguns visíveis. Há perseguições e incompreensões para o justo. Há inimigos outros que nos martirizam dia e noite: o desejo de posse, o anseio de afirmar-se diante dos outros, a competição.
Porque sois o meu refúgio e fortaleza,
torre forte na presença do inimigo.