Sábado, 04 Outubro 2014 18:52

Solenidade de São Francisco de Assis- "Esse Francisco sempre vivo"

Solenidade de São Francisco de Assis- Leituras próprias: Eclesiástico 50,1.3-7; Gálatas  6, 14-18; Mateus 11, 25-30

Franciscanos e amigos de São Francisco temos sempre diante dos olhos e nos cantos do coração a cena do trânsito do Poverello, naquele outubro de 1226.  Cada vez que volta o dia 4 de outubro nossa memória é avivada pela lembrança daquelas cenas tocantes. Aquele pedacinho simples de ser humano, nu na terra nua, os frades à volta, a leitura do evangelho de João, a chegada de Fra Jacoba, o salmo que fala do desejo da libertação da prisão,  o corpo  todo “acabado” por tantas penitências, a estrofe do Cântico que fala da irmã morte… e ele Francisco que se apressa em voar para o alto.  Franciscanos e amigos de Francisco temos a certeza que esse nosso Irmão está na glória junto do Ressuscitado e que de lá ele se lembra de nós. E o  Papa Francisco nos pede de o tornemos vivo no mundo de hoje.

Ele era como a estrela da manhã, no meio da nuvem, como a lua cheia nos dias de festa, como o sol resplandecendo sobre o santuário do Altíssimo, no dizer do Eclesiástico. Não queria que ninguém mais o incomodasse, que  ninguém o molestasse porque trazia no seu corpo as marcas de Jesus.  E do alto dos céus Jesus conversava novamente com o Pai olhando esse trânsito bem-aventurado: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”.

Francesco andava pelas ruas de Assis, tinha desejos, muitos desejos. Procurou realizá-los aqui e ali,  foi à guerra e cantou cantos de galanteios  para as moças do lugar.  Andava sentindo o perfume de todas as flores e dirigia o ouvido para cantigas e cantilenas.

Meio introvertido, meio ensimesmado passou um tempo muito calado. Procurava muito e nada encontrava… As coisas começaram a clarear quando um trapo humano que lhe causava asco, um leproso, se desenhou no horizonte. Descendo de sua montaria vai meio trêmulo ao seu encontro. Hesita ainda um pouco, mas avança e beija esse ser em decomposição. O amargor se lhe torna em doçura não só do corpo, mas também da alma.

Feito um enamorado tocado pela enamorada passa a ser um dançarino de alegria. Vai lavar chagas de muitos leprosos.  Apaixona-se pelo que não tem valor, pelo que é pobre porque seu Amado é pobre. Seu Amado nasce no presépio no seio da Paupércula Maria que teve a graça do olhar do Senhor sobre ela.  Esse Cristo despojado, pobre, belamente pobre encanta Francisco e ele vai pelos caminhos do mundo, recolher pedaços de gente sofredora,  vai anunciar a visita do seu Cristo pobre  à terra dos homens.  Não vai sozinho. O Senhor lhe dera irmãos com os quais percorria os caminhos do mundo durante o tempo de sua vida. E sempre será o irmão, o irmão dos mais abandonados, irmão do sol e da luz, das estrelas, do verde  e vento suave. Um ser inteiro, não em pedaços, um ser todo arrumado com o espírito da Boa Nova, um homem novo, o esposo encantado com o Esposo, o irmão que sempre cuidou dos irmãos. E agora está ali no chão da Capela de Nossa Senhora dos Anjos,  esperando que sua alma seja liberta do corpo e possa voar para as alturas.  Hoje é a festa da passagem de Francisco de Assis para a glória das alturas. Hoje nosso coração não se cansa de agradecer a vida do Pai Francisco.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

 

 

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