Caras irmãs e caros irmãos!
São Francisco amava o Natal mais que todas as outras festas. E o motivo por tão grande amor é a encarnação do Filho de Deus, que recebeu no seio de Maria, a carne da nossa humanidade e fragilidade.
Há 800 anos São Francisco quis ter a experiência de celebrar o Natal numa gruta similar aquelas de Belém junto com seus irmãos, os pobres e os descartados de Greccio.
Francisco celebra! E celebrar é mais do que saber e refletir. Celebrar é entrar na dinâmica do mistério, na sinfonia da festa. E Francisco é mestre em celebrar. Recria a cena sagrada no famoso presépio de Greccio: “Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto no presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro”(1 Cel 84). E diante do presépio, Francisco abre o coração, alegra-se, enche-se de ternura e encanto, e contempla o Deus encarnado. E seu coração não se contém diante daquela que gerou o Menino e a consagra como “esposa do Espírito Santo”. Francisco é capaz de experimentar todo o mistério da vida, numa gruta com animais e dela fazer o altar da consagração.
O profeta Isaias, anunciando a vinda do Messias divino, exclama: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1). Da mesma forma, são as palavras que ressoam nos nossos lábios perante o anúncio do nascimento de Jesus Cristo, pois o mundo precisa ser iluminado por uma luz que não poderá ser outra se não a pessoa do Filho de Deus.
Esta proclamação é tanto mais urgente quanto a humanidade de hoje na ignorância sobre Deus, na sua recusa em aceitar a transcendência ou na sua indiferença, sente-se incapaz de abrir um futuro de esperança e de plena realização para a pessoa humana.
Por isso é urgente que cada comunidade cristã e cada cristão se tornem arautos desta mesma notícia que se refere à luz verdadeira que resplandece para o mundo, porque Jesus Cristo nasce na nossa humanidade.
Que este Natal traga uma nova esperança, para os pobres, os excluídos, os descartados, os injustiçados, para as vítimas inocentes da guerra na Terra Santa, Palestina, Ucrânia, Iêmen e tantos outros conflitos que a grande imprensa esconde, porque Jesus de Nazaré vem ao encontro da pessoa humana para lhe restituir a sua dignidade de filha de Deus.
Por isso, celebrar o Natal é oferecer resposta às exigências da inteligência humana, que na sua procura de verdade sente-se agora confrontada com a Pessoa concreta do Filho de Deus que oferece ao homem a luz necessária para se compreender no seu mistério e para descobrir as maravilhas da criação. Mas é também um convite a estabelecer relações novas a nível social, cultural, político e religioso de modo a reconhecer em cada homem um irmão com igual dignidade e com o direito a usufruir das condições para uma vida digna.
A luz e a esperança que brotam do Natal são algo de concreto e devem ter reflexo na situação de todos os que vivem e sentem a necessidade de melhores condições para uma vida digna. Mas, para isso exige-se o compromisso de todos, a começar por aqueles que reconhecem o chamamento de Jesus de Nazaré a empenharem-se na missão de proclamar com a palavra e com os gestos, que com o nascimento de Jesus a humanidade viu uma grande luz e os pobres saboreiam uma Boa Nova.
Ao desejar Boas Festas de Natal a todos irmãos e irmãs de nossas Fraternidades, lembramos dos numerosos desempregados, os doentes e idosos, tantas vezes na solidão, as famílias, tantas delas feridas, os pobres, os excluídos seja cultural, social ou religiosamente, as crianças sem pão e sem afeto, os jovens, tantos sem perspectivas de futuro, mas também os que vivem afastados de Deus e apelo a cada Fraternidade, que se torne mensageira da alegria e da esperança que brota do Natal.
É no menino da palhas que nossas forças se renovam com muita esperança e o desejo de continuar lutando por um mundo melhor.
Com Francisco e Clara, celebramos juntos a alegria do menino Deus que vem ao nosso encontro.
Desejamos a todos um Natal cheio de graças e bênçãos e um Ano Novo repleto de alegria.