Filha da nobreza, pobre se fez, como Francisco de Assis. Não teve pretensão de ser a primeira. Antes, quis diminuir-se para seguir o Cristo pobre e crucificado.
Loucura para aqueles tempos e para os atuais quando se busca grandeza, riqueza, conhecimento e reconhecimento.
Tal como Francisco, o poverello, quis ocultar-se para que reluzisse a luz dAquele que é a Luz! Não quis omitir-se. Pelo contrário, tomou posições firmes e seguras dentro e fora do Mosteiro.
Inteligente, estrategista até, soube negociar com as autoridades para que, atendendo ao exigido pelas autoridades eclesiásticas, ainda assim pudesse viver na inspiração original – sem nada de próprio - para unicamente possuir Aquele que é o verdadeiro e único tesouro, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na grandeza de sua alma destacavam-se a gentileza e o cuidado com os mais vulneráveis. Respeito às irmãs enfermas. Respeito aos limites humanos. De si mesmo exigiu o máximo porque compreendeu que nada se compara à doação de Nosso Senhor Jesus Cristo que por amor morreu por nós. E morte de cruz.
Não quis a riqueza que possuía. Tampouco quis ornar-se das vaidades da sociedade e nem desposar o mais rico e nobre senhor. Um único Senhor a atraiu para Si. E depois de ter contemplado em seu coração a tão bela vocação, respondeu com profundidade ao chamado e plenamente se fez filha do Altíssimo Senhor.
Na singeleza da casa das damas pobres viveu. Na vida escondida, se fez presente. Na vida de oração, contemplou seu Senhor. Na singeleza de seus dias, doou-se toda inteira às suas irmãs e filhas, foi mãe de Francisco e seus companheiros e como tal fulgura para nós.
Que nos dirá hoje Clara ao ver tanta disputa? Que nos dirá hoje Clara ao conhecer as realidades sombrias que habitam os corações daqueles que se dizem cristãos? Que nos dirá Clara ao saber de tantos poderes sendo disputados e o único Reino aparentemente derrotado, ignorado na escuridão do mundo?
Que nos dirá de tanta inabilidade na convivência de irmãs e irmãos?
Com muita generosidade se porá como intercessora, pedindo ao Pai das Misericórdias que de nós tenha piedade e seja paciente com nossas falhas e omissões.
Intercede por nós, ó mãe Clara, para que nos coloquemos, enquanto é tempo, no seguimento de Nosso Senhor, como fizestes.
Olha por nós e clareia nosso caminho, pois um único Caminho se faz necessário seguir, e por tantos desvios temos andado.
Clareia, Clara, clareia, nossas fraternidades, nossas famílias, trabalhos e ações.
Para que o pão seja multiplicado, para que o amor seja exercitado.
Dá-nos teu espelho, Clara irmã, precisamos distinguir nas inúmeras imagens de nossos dias a imagem de nosso Senhor e espelhá-lo por onde for.
Seja para nós um raio luminoso de ternura, de vigor, do amor de Nosso Senhor.
Que não seja mais um 11 de agosto. Que seja um dia especial de silêncio, meditação e contemplação. E ao fim do dia possamos dizer com alegria: Eis que encontrei o Senhor! Ele estava ali o tempo todo a me esperar!