Quarta, 14 Setembro 2022 00:41

NÓS VOS ADORAMOS E VOS BENDIZEMOS, PORQUE PELA VOSSA SANTA CRUZ REMISTES O MUNDO

 

Nossa reflexão é motivada pela intenção de aprofundarmos a espiritualidade da cruz na vida da Igreja e na existência de Francisco de Assis, bem como pelo fato de celebrarmos, no dia 14 de setembro, a Festa da Exaltação da Santa Cruz, e, três dias depois, a Festa da Impressão das Chagas. Enquanto frequentava a igrejinha abandonada de São Damião, o Cristo Crucificado falou com ele. Para Francisco aquele momento foi uma profunda experiência mística e um dos mais importantes encontros com a cruz. No ícone de São Damião, deseja-se representar que o mesmo Cristo Crucificado é também o Ressuscitado.

A cruz de Jesus está inserida no mistério pascal do Filho, e seu papel na história da salvação é clarificado pela obediência filial ao Pai.

Jesus, o Filho de Deus, é justo e obediente ao Pai até às últimas consequências, ou melhor, até à morte de cruz. A vida do homem é, portanto, um chamado à justiça, para que ame a seu irmão como Deus o amaria.

A morte na cruz era a pena capital mais cruel que os romanos aplicavam aos condenados. Geralmente a cruz era formada por dois madeiros cruzados, muitas vezes fincados em forma da letra grega TAU, parecida com o nosso "T", maiúsculo.
"Quem está selado com o T, será preservado da aniquilação.” Os cristãos primitivos referem-se a esse versículo para explicar por que marcam a testa com o sinal da cruz. O sinal da cruz, que os cristãos desenham sobre suas testas, é um selo escatológico, um sinal de salvamento quando o mundo chega ao seu fim.

Quem se benze com a cruz pertence inteiramente a Cristo, consagra-se a ele. A cruz simboliza o domínio do mal, a morte na cruz é o testemunho da justiça, da não violência e do paciente ato de suportar, o caminheiro que passa pela Paixão, pela cruz até chegar à glória, a perspectiva da cruz coloca Jesus diante da realização da sua hora, A hora da cruz foi, simultaneamente, o instante de sua exaltação e do envio do Espírito Santo.

A cruz passou a ser o maior e mais eloquente emblema do cristianismo. Através da cruz, podemos contemplar a sabedoria de Deus. O Mestre nos deixa bem claro que o caminho de salvação e a proposta de segui-lo exigem que cada um de nós assuma a sua própria cruz. aqui não se trata de disposição para o martírio, mas do Sim para as tribulações diárias que a vida traz consigo.

Dois anos antes de sua páscoa, Francisco recebeu, no monte Alverne, em setembro de 1224, os estigmas da Paixão de Cristo, havia sinais concretos de que, desde o encontro do Santo com o crucifixo de São Damião, ele estava destinado à estigmatização. A cruz que ficou "impressa" na corporeidade de Francisco através dos estigmas recorda-nos a esperança na qual devemos crer, porque todo sofrimento adquiriu novo significado com a morte de Jesus na cruz Francisco assimilou-se em um grau tão alto a Cristo que os estigmas selam sua semelhança a Cristo.

Em conclusão, Francisco de Assis convida-nos a meditarmos sobre o profundo mistério do amor que Deus Pai tem por nós, porque entregou seu Filho Unigênito à morte de cruz para nos salvar e abrir-nos o acesso à vida eterna.

 

(Resumo extraído livremente do texto de Frei Marcos Roberto R. Carvalho, OFMCap)

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