Capítulo XIII
Como Cristo lhe disse que não queria que os frades possuíssem coisa alguma em comum nem em particular.
1 Quando os irmãos ministros procuraram persuadi-lo a conceder alguma coisa aos frades, pelo menos em comum, para que tão grande multidão tivesse algo a que recorrer, o bem-aventurado Francisco, em oração, invocou Cristo e o consultou sobre o assunto. 2 Ele respondeu na mesma hora, dizendo: “Eu vou tirar tudo em particular e em comum (cf. At 2144; 4,32); estou sempre pronto a socorrer esta família, por mais que ela cresça, e sempre a sustentarei, enquanto confiar em mim” (cf. Sl 21,5).
Reflexão:
O autor do Espelho tem uma grande preocupação em demonstrar que o caminho dos franciscanos é dirigido por Jesus Cristo. Era Ele quem dava orientação a Francisco do que deveria ser a vida dos irmãos.
Vamos então falar sobre o discernimento. Para que nossas decisões sejam equilibradas precisamos criar uma atmosfera onde nossas escolhas estejam baseadas em nossas convicções que são construídas, a partir do contexto em que vivemos e de todas as experiências que passamos.
O que seria, portanto, discernimento? Partimos então da etimologia da palavra. O vocábulo discernimento vem dos termos em latim discernere e mentum. O primeiro significa discernir, "separar", "dividir", "decidir". Já o segundo, mentum, que na palavra é o sufixo mento, tem como significado "meio", "instrumento". O termo seria então a faculdade de escolher o certo, ter critério ou juízo; ou efeito de se distinguir com raciocínio sobre as coisas.
Neste caso a escolha da pobreza tanto coletiva como individual tem como base o discernimento de Francisco que foi alimentado por uma conversa entre ele e Jesus. Este diálogo elimina qualquer dúvida ou descrédito do caminho que o fundador escolheu. Isto porque seu discernimento é sacralizado.
No caso do texto o autor cria um selo para aqueles que escolhem a pobreza como caminho espiritual dos frades menores. Cristo vai garantir o sustento dos irmãos. Não há necessidade de acúmulo ou provisão, nem coletiva.
E nós franciscanos seculares? Temos que, por diversas vezes, discernir também.
Para meditar:
1 - Será que estamos dando bom exemplo como nos diz o texto?
2 - O que temos feito para tornar esta orientação uma realidade para nossas fraternidades?
3 - Nossa fraternidade tem buscado se mostrar pobre ou poderosa aos olhos dos outros?
Texto de Jefferson Eduardo dos Santos Machado - Coordenador de Formação da Fraternidade Nossa Senhora Aparecida - Nilópolis (RJ)