“Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência: Como estivesse em pecado parecia-me deveras insuportável olhar para leprosos.
E o Senhor mesmo me conduziu entre eles e eu tive misericórdia para com eles.
E enquanto me retirava deles, justamente o que antes me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo.” (Testamento, 1-3)
Minhas queridas irmãs e meus queridos irmãos,
Paz e Bem!
Em mais um 6 de março, em que rememoramos a figura ousada e corajosa de Santa Rosa de Viterbo, celebramos o dia voltado às e aos jufristas, figuras ousadas e corajosas de nosso tempo. E, justamente para fundamentarmos e aprofundarmos essa postura profética, lançamos o 18º Caderno Nacional de Formação da Juventude Franciscana do Brasil! Abordamos, nesta edição, um assunto intrinsecamente ligado ao carisma francisclariano, à história da Igreja na América Latina e aos pedidos do Papa Francisco: “Juventude Franciscana e a Opção pelos Pobres”.
Com fraterna atenção à necessidade de voltar o olhar às marginalizadas e marginalizados, este Caderno foi construído em completa sintonia com a recente canonização do Anjo Bom da Bahia, a Santa Dulce dos Pobres, e a Campanha da Fraternidade 2020, que nos apresenta o tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e lema que recorda a passagem do Bom Samaritano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34).
Na expectativa de que para nós também o amargo se torne doce e possamos sentir a Misericórdia, que é a face caridosa do Amor, em relação aos Pobres, o desenvolvimento desse material foi pensado para possibilitar uma reflexão profunda e transversal em relação à questão apresentada.
Para isso, a entrevista foi realizada com Glaucia Ferreira Lima de Brito, cuja caminhada é permeada pelas relações entre religião e academia. Isso porque estuda a Pastoral de Favelas, no Rio de Janeiro, e portanto tem muito a contribuir para a nossa discussão sobre as ferramentas de desconstrução do conceito e da pobreza em si, como nos é colocada no sistema político atual.
Seguindo nessa perspectiva, nosso querido frei capuchinho Éderson Queiroz apresenta uma digressão bíblico-evangélico-franciscana acerca da Opção pelos Pobres, ressaltando a necessidade de atuação social cristã – e principalmente franciscana. Ele nos presenteia, ainda, com uma proposta de vivência (individual ou em fraternidade) para que, a partir da leitura do texto, possamos rezar, meditar, contemplar e atuar.
A irmã e os irmãos da OFS Hélio, Admara e Francisco nos relembram a caminhada sinodal voltada à Amazônia e destacam o compromisso franciscano com aquelas e aqueles colocados à margem da sociedade. Nesse sentido, Eduardo Brasileiro também nos conta um pouco sobre o chamado do Papa Francisco para repensar a Economia que, hoje, é símbolo de um sistema que mata, exclui e degrada, mas, a partir do convite do Pontífice às e aos jovens do mundo inteiro, pode representar uma mudança efetiva desses paradigmas.
Como de costume, as formadoras e os formadores regionais igualmente nos apresentam discussões - nos eixos humano, cristão e franciscano. Serão abordadas questões voltadas à realidade brasileira e latino-americana, atentando à mulher, às bases e à missão franciscana.
O Secretariado Fraterno Nacional, dessa vez, nos deixa uma mensagem muito profunda sobre a importância da atuação de cada jufrista para a construção da fraternidade nacional, relembrando a importância de cada fraternidade local na construção da Civilização do Amor. Essa mesma ideia também circunda os textos apresentados pelas secretárias e secretários dos Serviços, que nos convidam a refletir em variadas perspectivas.
Com mensagens de impulso dos nossos Assistentes Espirituais, o Caderno caminha para, ao fim, mostrar, na verdade, o (re)começo da Juventude Franciscana do Brasil. O encarte desta edição nos coloca oficialmente em contato com as novas diretrizes da Infância e Adolescência Franciscanas, apresentadas e explicadas pela Declaração Fraterno-Pastoral, sonho iniciado há muitos anos e construído a muitas mãos que, finalmente, se realiza. Cabe a nós, jufristas de todo o país, trilharmos os novos caminhos que são apontados nesses documentos!
O processo de construção de um Caderno de Formação reflete muito de como se dá a caminhada. Muitos planos são feitos, a maioria deles se concretiza, outros ficam na imaginação. Muitas pessoas são convidadas, algumas aceitam entusiasmadas, outras já não abraçam o ideal da mesma forma. Muitas novidades são propostas e algumas se tornam reais.
Dessa vez, trazemos alguns textos também em áudio, objetivando uma dinamização do conteúdo, possibilitando algum nível de acessibilidade e tornando, sempre, a formação algo próximo das irmãs e dos irmãos, como deve ser. Também como em muitos momentos da nossa caminhada, a elaboração de um Caderno gera, ao final, sentimento de realização e gratidão de todas e todos que trabalharam para a conclusão, voltado para todas e todos que poderão aproveitar do conteúdo.
Por isso, querendo sempre que o mundo inteiro conheça nosso ideal de vida, é importante que esse material alcance o maior número de pessoas possível. Vamos, juntas e juntos, fazer isso acontecer!
Com o exemplo vivo da incansável Clara, que nunca desistiu de suas ideias e sempre acreditou na inspiração divina das suas aspirações, desejo, de coração, que todo o amor e a dedicação depositados nessas páginas possam atingir quem as lê.
Com todo o carinho, da sua irmã menor,
Gabriela Consolaro Nabonzy
Secretária Nacional de Formação (2019-2022)