Sacerdote da Primeira Ordem Franciscana (1739-1822), beatificado por João Paulo II (25-10-1998) e canonizado pelo Papa Bento XVI em 11 de maio de 2007, tornando-se o primeiro santo nascido no Brasil
Natural do estado de S. Paulo, no Brasil, e filho duma família abastada e profundamente cristã, Antônio passou a infância, em conjunto com seus dez irmãos, na cômoda e luxuosa casa paterna. O pai, comerciante, pertencia à Ordem Terceira Franciscana e Carmelita. Para dar ao filho uma educação humana e cultural adequada às suas possibilidades, mandou-o aos 13 anos para Belém, na Baía, a estudar no seminário dos padres jesuítas, onde já se encontrava seu irmão José. Ali viveu e recebeu esmerada formação até aos 17 anos, com ótimos resultados no estudo e na prática da virtude. Era sua intenção fazer-se jesuíta, mas o pai dissuadiu-o, aconselhando-o a entrar em vez disso no convento dos franciscanos descalços reformados de S. Pedro de Alcântara.
Depois de ponderar bem o assunto, decidiu seguir o conselho paterno, e aos 21 anos tomou o hábito franciscano e iniciou o noviciado, destacando-se pela piedade e pelo fervor. Quando no ano seguinte se comprometeu a seguir os conselhos evangélicos, acrescentou aos votos a promessa de defender a prerrogativa de Maria “Imaculada”, doutrina nessa altura ainda controversa, mas apoiada pelos franciscanos.
Logo no ano seguinte, portanto aos seus 22 anos de idade, recebeu a ordenação sacerdotal. A expressão indesmentível da sua devoção mariana está patente num documento redigido quatro anos mais tarde, a “Consagração a Maria”, assinada com seu próprio sangue, na qual se declarava seu “filho e escravo perpétuo”.
Terminados os estudos em 1786, foi nomeado pregador, confessor de seculares e porteiro. Esta última tarefa, embora possa parecer estranho, era considerada muito importante, porque permitia pô-lo em contato com muita gente, e fazer assim fecundo apostolado. Como confessor era tido em muito apreço, e por vezes requisitado para atender pessoas em localidades distantes, onde tinha de ir a pé.
Em 1769 foi enviado a S. Paulo como confessor dum “Recolhimento”, uma casa de retiro onde se reuniam senhoras devotas para viverem numa espécie de comunidade religiosa, mas sem emitirem votos, já que nessa altura as autoridades civis não permitiam a formação de conventos. Foi aí que ele conheceu Sóror Helena Maria do Espírito Santo, religiosa de profunda oração e austera penitência, que afirmava ter visões em que Jesus lhe pedia que fundasse um novo convento. Frei Galvão, seu confessor, com o consentimento da vidente achou por bem pedir conselho a outras pessoas prudentes, que consideraram tais visões de índole sobrenatural e dignas de consideração.
Em resultado disso, no dia 2 de fevereiro de 1774 foi fundado o “Recolhimento da Luz”, para o qual ele redigiu uns Estatutos apropriados, organizando a vida interior e a disciplina religiosa. Mais tarde o bispo de S. Paulo permitiu a emissão de votos, e em 1929 o Recolhimento da Luz foi incorporado à Ordem da Imaculada Conceição.
Frei Antônio Galvão veio ainda a ser mestra de noviços e guardião do convento de São Francisco em S. Paulo. Faleceu em 1822, no dia 23 de dezembro, confortado com os sacramentos. O seu túmulo foi desde sempre meta de peregrinações de fiéis. Foi o primeiro brasileiro a ser santificado.