Paz e bem, queridos irmãos e irmãs!
Durante o Congresso Nacional da JUFRA do Brasil, realizado entre os dias 01 e 05 de março de 2019, foram celebrados os 35 anos do Acordo de Anápolis, o primeiro esforço de reconhecimento mútuo e “retorno à unidade”, que depois veio a ser assumido pelo Diretório de Mútuas Relações entre OFS e JUFRA.
Confira na íntegra a mensagem celebrativa lida na ocasião.
MENSAGEM CELEBRATIVA DOS 35 ANOS DO ACORDO DE ANÁPOLIS: AVANÇOS E PERSPECTIVAS
A Jufra é o espaço próprio de comunicação do carisma franciscano às novas gerações. Ao se inserir em novos tempos, espaços e culturas, o carisma franciscano enfrenta desafios e se reorganiza em outras formas de expressão, mas fecunda esses novos tempos com sua riqueza espiritual.
Em janeiro de 1971, depois de diversas experiências locais, o Conselho Nacional da Ordem Terceira, sob obediência Capuchinha, instituiu um espaço para a juventude. O Conselho, com a presença do Ministro Geral Frei Pascoal Riwalski, inspirado na experiência dos jovens de Ponta Grossa que eram assistidos por um jovem frade capuchinho: Frei Eurico de Mello, definiu a implantação da Jufra,como ala jovem da OFS (à época ainda denominada Ordem Terceira), em todo o território nacional.
Em 1972, os Conselhos Obedienciais da Ordem Franciscana Secular foram unificados em um único Conselho e o plano de implantação da Jufra no Brasil foi assumido pela nova estrutura. Também definiu-se que o Secretário Nacional da Jufra e seu Assistente teriam cadeira permanente neste novo conselho. Como Frei Eurico mesmo escreveu em 1979, na obra “Seguindo Francisco”: a Jufra foi criada pela e para a OFS e “não tem sentido uma Jufra desligada da OFS ou que não leva à OFS”, reconhecendo-se ainda toda iniciativa de proximidade dos ramos da família e todo apoio dado às fraternidades de JUFRA, cada tentativa e cada jovem que enfrenta dificuldades nesse processo, mas vive e dá testemunho do ser franciscano na vida fraterna.
Um projeto dessa envergadura enfrentava, naturalmente, muitos desafios: instituir nacionalmente um espaço para a juventude em uma instituição multisecular e num período de intensas transformações na igreja pós-conciliar. Por isso, a equipe de implantação nacional solicitou uma relativa autonomia pedagógica e organizacional para se adaptar às demandas da juventude e a uma igreja em profunda transformação. Essa autonomia, ao mesmo tempo em que permitiu a propagação da Jufra por todo o Brasil, pois não carregava o peso institucional de uma organização já consolidada, produziu estranhamentos entre as duas formas de vivência do franciscanismo secular que procuravam responder às demandas do Concílio Vaticano II por caminhos diferentes. Assim, ao passar pelas etapas da formação proporcionada pela Jufra e solicitar seu lugar na Ordem, o jovem encontrava entraves legais e institucionais, pois essa passagem não havia sido prevista na (re)organização jurídica do franciscanismo secular.
Deste modo, o “Acordo de Anápolis” (1984) foi o primeiro esforço de reconhecimento mútuo e “retorno à unidade” como previsto no projeto de criação da Jufra. Este acordo foi assumido pelo “Diretório de Mútuas Relações entre OFS e JUFRA” e, posteriormente, promulgado nas novas “Constituições Gerais da OFS” (aprovadas em 2000) e no “Estatuto Nacional da Ordem Franciscana Secular do Brasil”, criando assim um arcabouço institucional que possibilitou o acolhimento dos jufristas nas fraternidades da OFS. Logo depois, nesta mesma direção, a OFS instituiu um novo serviço nos seus conselhos: a “Animação Fraterna”, garantindo assim um canal permanente de diálogo e evitando possíveis distanciamentos na jornada futura.
Para muito além dessa necessária organização institucional, é fundamental olhar para as realidades juvenis com os olhos do carisma. Cada nova geração que se nos apresenta não se manifesta como “tabula rasa”, mas traz consigo necessidades e desafios, uma realidade sempre nova que o carisma deve fecundar. Não existem fórmulas prontas, válidas ilimitadamente. É necessário estabelecer uma dinâmica inspirada na vida familiar e baseada em princípios do carisma franciscano e buscar o equilíbrio entre a necessária liberdade de ação e expressão próprias da juventude com o acompanhamento familiar, ou seja, da mesma maneira que os pais devem dar liberdade para os seus filhos experimentarem suas próprias opções, ao mesmo tempo devem estar próximos, ouvi-los e auxiliá-los nos momentos de dificuldade.
É fundamental igualmente oferecer um processo de formação sem confundí-lo com a mera transmissão de conteúdos. Uma formação em um ambiente lúdico, mas densa o suficiente para estabelecer os alicerces para a vivência do carisma no complexo mundo contemporâneo, flexível o suficiente para orientar o jovem onde ele estiver inserido: no mundo do trabalho, da ciência e da cultura, nos ambientes rurais e urbanos.
Olhar para a Jufra com o olhar do carisma significa reconhecê-la como o espaço do diálogo do franciscanismo com as novas gerações e como serviço vocacional para toda a família franciscana. Da mesma maneira que o Documento Final no Sínodo dos Bispos “os jovens, a fé e o discernimento vocacional” considera que todo ser humano é universalmente vocacionado ao amor, desejamos que o modo seráfico de vivência desse amor esteja sempre disponível aos jovens e afirmamos que isso transcende a todas as definições organizacionais, comprometendo cada franciscano que vivencia este tesouro que lhe foi confiado.
Ao celebrarmos os 35 anos do “Acordo de Anápolis”, reconhecemos que, apesar das dificuldades históricas e institucionais, o espaço da juventude na Família Franciscana se consolidou e gerou frutos, despertando vocações que: criaram novas fraternidades da OFS , ou renovaram diversas outras já estabelecidas; ou que optaram pela consagração religiosa e ou sacerdotal, ou ainda simplesmente levaram para suas vidas um coração marcado pelos valores franciscanos.
Neste percurso histórico que permitiu à Família Franciscana superar dificuldades e produzir frutos, cresce a responsabilidade das fraternidades em continuar construindo pontes entre a rica tradição espiritual franciscana e as necessidades das novas gerações, com habilidade, paciência e disponibilidade, esforço e ânimo no acompanhar, colaborar e formar.
Deste modo, especialmente nas fraternidades que ainda não possuem espaços para a juventude, é imprescindível instituir o serviço da Animação Fraterna (CCGG 97.2) para estabelecer um diálogo que atenda ao que nos pede o Papa Francisco quando diz: “o coração da Igreja é jovem precisamente porque o Evangelho é como linfa vital que regenera continuamente. Cabe a nós ser dóceis e cooperar nessa fecundidade”.
Na alegria do XVII Congresso Ordinário Nacional da Juventude Franciscana do Brasil - CONJUFRA, em Anápolis/GO, saudações fraternas aos irmãos e irmãs aos quais essa mensagem chegar, sejamos fecundos.
Paz e bem!
Anápolis, 04 de março de 2019 - Dia do/a Animador/a Fraterno/a
Equipe Nacional de Formação da OFS, e da JUFRA, Animadores Fraternos Regionais
Maria José Coelho - Ministra Nacional da OFS
Maria Aparecida Pereira Brito - Animadora Fraterna Nacional (2016-2019)
Washington Lima dos Santos - Secretário Fraterno Nacional da Jufra do Brasil (2016-2019)
Juliana Caroline Gonçalves - Secretária Nacional de Formação da Jufra do Brasil (2016-2019)
Frei Wellington Buarque de Souza - Assistente Espiritual Nacional
Irmã Viviane Ramos da Costa - Assistente Espiritual Nacional