Cidade do Panamá – No final da tarde desta terça-feira, 22, uma Missa presidida pelo arcebispo do Panamá, Dom José Domingo Ulloa Mendieta, abriu oficialmente a Jornada Mundial da Juventude 2019. Realizada na “Cinta Costera” da capital panamenha – espaço que acolherá a maior parte dos eventos – foi o primeiro momento de grande encontro dos tantos jovens de todas as partes do mundo presentes no Panamá.
Tendo como fundo os arranha-céus que caracterizam a capital panamenha e ao lado o Oceano Pacífico, o colorido das bandeiras no entardecer e os rostos jovens de todas as cores deram um toque especial ao evento. Grupos musicais no palco com 8 metros de altura, capaz de acolher 2.400 pessoas, animaram a espera do início da celebração. Já a Missa foi animada por um grande coral, com diversos rostos representando as diversas etnias que formam o povo panameno.
O arcebispo do Panamá começou a sua homilia com um agradecimento. “Apesar de todas as dificuldades do caminho, vocês quiseram se juntar a esta JMJ. Nossa mãe hoje nos recebe com o coração e os braços abertos e um coração. Obrigado por aceitar o convite para vir a este pequeno país onde a fé chegou pelas mãos da Virgem por meio da intercessão de Santa María La Antigua. Nós somos a primeira diocese em terra firme continente e daqui em 9 de setembro de 1513, o Evangelho foi levado ao resto do continente, graças a ela”.
“Nós deixamos de ser jovens somente quando deixamos de sonhar”, continuou o Bispo Ulloa, enfatizando que Maria é quem dá as chaves para encontrar o caminho da verdade: “Ela foi proposta pelo Papa como modelo de alegria e coragem. Ela estava disponível para cumprir o plano de Deus, daí o lema desta JMJ: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra”.
O prelado agradeceu também ao Pontífice por “nos dar a oportunidade de fazer uma JMJ para os jovens das periferias existenciais. Especialmente a juventude indígena, e aqueles que são forçados a migrar. Também os que sofrem as consequências da delinquência, a falta de recursos , a violência e tantos outros males”, disse o cardeal, enviando uma mensagem de esperança para todos: “Estamos seguros de que os verdadeiros protagonistas para as mudanças e as transformações que as humanidade e a Igreja esperam são vocês. O futuro está em suas mãos, em suas capacidades e em sua visão de um mundo melhor”.
Panamá: capital da juventude do mundo
No final da celebração eucarística, Dom Ulloa recordou aos peregrinos que no Panamá eles encontrarão “um pedacinho do mundo inteiro”. “Estamos felizes em ser um ponto de encontro e unidade na diversidade. Obrigado pela sua presença, este país é hoje a capital da juventude do mundo. Não tenham medo de compartilhar seus sonhos, porque com a força do Espírito Santo se pode fazer a revolução do amor, que não é fácil, mas é possível com a ajuda de Maria” concluiu, reiterando que depois desta JMJ, ”nenhum pobre, e nenhum pequenino deve ter medo de sonhar grandes coisas, como o pequenino país do Panamá conseguiu realizar o grande sonho desta Jornada Mundial da Juventude “.
À ESPERA DO PAPA FRANCISCO
As atenções, especialmente do mundo católico, voltam-se nestes dias para o Panamá, pequeno país que liga a América do Sul à América Central, escolhido pelo Papa em 2016 para sediar esta Jornada Mundial de Juventude. Assim, Francisco retorna ao continente americano para encontrar novamente a juventude de todo o mundo depois de 2013 no Brasil, naquela que foi sua primeira JMJ.
O pequeno país com pouco mais de quatro milhões de habitantes, 88% dos quais declaram-se católicos, preparou-se para receber o Papa Francisco e os milhares de jovens de várias partes do mundo. Há bandeiras de JMJ, do Panamá e do Vaticano espalhadas pela cidade, e ainda obras em andamento. O evento contou com total apoio do governo panamenho. O assunto domina os noticiários.
O clima que se percebe nas ruas é de alegria e expectativa, com grupos de jovens vestindo a camiseta da JMJ e bandeiras de seus respectivos países e muitos com instrumentos musicais. Muitos destes jovens vieram da Costa Rica onde participaram da Semana Missionária. A escolha do Papa Francisco permitiu que um maior número de centro-americanos e do norte da América do Sul participassem desta Jornada, o que é perceptível pela quantidade de grupos vindos de El Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Venezuela e Colômbia. Se facilitou para os americanos por janeiro ser período de férias, dificultou um pouco para os europeus que estão em pleno período de aulas. Os poloneses são o grupo mais numeroso, com 7.500 jovens, seguidos pelos italianos, com 1.500.
Na capital vivem quase 1 milhão e oitocentos mil habitantes. O trânsito está caótico, fato agravado pelos bloqueios nas áreas por onde o Papa Francisco passará e que acolherão os grandes eventos. Altos prédios com arquitetura moderna e arrojada dominam a paisagem. Mas uma das atrações é o Casco Antiguo, ou Panamá Viejo, onde está o centro histórico declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Nesta “segunda cidade do Panamá” estão igrejas e monumentos históricos que remontam à época colonial. Na segunda-feira, justamente um dos programas dos jovens foi explorar este espaço.
Mas eles também se dirigiram em grande número para outra atração e principal fonte da economia do país – ao lado das atividades internacionais bancárias: o Canal do Panamá, que liga o Oceano Atlântico ao Pacifico, sendo a rota por excelência da navegação comercial.
Para ver a importância estratégica da localização geográfica do Panamá, basta recordar que foi fundado em 1519 como base para as expedições ao Império Inca, tornando-se a rota de passagem do ouro e da prata que os espanhóis extraíam da América do Sul. No ano de 1671, a cidade foi incendiada por piratas, sendo completamente destruída e reconstruída 8 km mais longe da cidade original.
Em 1821 o Panamá ficou independente da Espanha unindo-se à República da Colômbia, da qual declarou-se independente em 13 de novembro de 1903. No mesmo ano, assinou com os Estados Unidos o tratado para a construção de um canal para a navegação transoceânica, que ficou pronto em 1914. Em 1977 foi assinado um novo tratado que previa a retirada dos estadunidenses da administração do canal até o ano 2000. Se por um lado perdeu os 300 milhões de dólares de financiamento anual, por outro com esta transferência, o Panamá pôde ficar com os recursos cobrados pelas travessias dos navios.
A Diocese de Santa Maria de Antigua foi fundada em 9 de setembro de 1513, com a Bula “Pastoralis Officii Debitum” do Papa Leão X. Foi a primeira na área do continente, tendo como primeiro bispo Dom Juan de Quevedo O.F.M. Atualmente o rebanho é de 1.727.000 católicos distribuídos em 94 paroquias. O arcebispo da Cidade do Panamá é Dom José Domingo Ulloa Mendieta.
A recordar, que São João Paulo II visitou o Panamá em março de 1983. O Papa Wojtyla que é um dos padroeiros desta JMJ, ao lado de Santa Rosa de Lima, São Oscar Romero, São João Bosco, São José Sanchez del Río, beata María Romero Meneses, São Juan Diego e São Martin de Porres.
A CAMINHO DO PANAMÁ
O Papa Francisco embarca às 9h35 (horário de Roma) com destino ao Panamá nesta quarta-feira. Ele será acolhido pelas autoridades religiosas e civis às 16h30 e se recolherará na Nunciatura Apostólica em seguida.
Trata-se da 26ª viagem apostólica de Francisco, segundo Papa a ir ao Panamá depois de São João Paulo II que visitou o país em 5 de março de 1983.
No Angelus do último domingo, o Papa Francisco recordou o seu compromisso no Panamá, “evento belo e importante no caminho da Igreja”, junto com os jovens do mundo inteiro.
Disponível em: https://noticias.franciscanos.org.br/missa-abre-a-jmj-na-cidade-do-panama.html