Sexta, 18 Janeiro 2019 15:31

Carta pelos 40 anos da promulgação da Regra da OFS

Carta circular da Conferência dos Ministros Gerais das primeiras Ordens franciscanas e da Terceira Ordem Regular a todos os frades e os irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular (OFS) e da Juventude Franciscana (JUFRA) por ocasião dos 40 anos da promulgação da Regra OFS

Queridas irmãs e irmãos, o Senhor lhes dê a sua paz!

  1. Quarenta anos: um período simbólico

No dia 24 de junho de 1978, a Santa Sé aprovava a Regra renovada da Ordem Franciscana Secular através da Carta Apostólica Seraphicus Patriarcha. Foi o Papa Paulo VI, recentemente canonizado e que na sua juventude foi postulante terciário franciscano, que presenteou este dom à Família Franciscana, poucas semanas antes de sua morte. São passados 40 anos daquela aprovação e este aniversário nos parece uma ocasião importante para dirigir a todos vocês esta carta comemorativa. O número quarenta na Bíblia, como sabemos, é cheio de significado simbólico: quarenta são principalmente os anos de uma geração e parecem designar o tempo das decisões maduras. Parece, então, uma ocasião propícia para agradecer a Deus por tudo que as irmãs e os irmãos da OFS já vivem e para dar um novo impulso a esta realidade tão preciosa para toda a Família Franciscana.

  1. A Ordem Franciscana Secular na Família Franciscana

“O Seráfico Patriarca São Francisco de Assis, em vida e depois de sua preciosa morte, atraiu não somente muitos para servirem a Deus na família religiosa que fundara, mas arrastou também numerosos leigos que, permanecendo no mundo, se agregaram às suas Ordens”. Assim começa a Carta Apostólica de aprovação assinada por Paulo VI em 1978, que recorda como da experiência de São Francisco nasceram diversas modalidades de vida cristã no seguimento de Cristo na Igreja.

“Entre as famílias espirituais, suscitadas pelo Espírito Santo na Igreja (Lumen Gentium 43), a Família Franciscana reúne todos aqueles membros do Povo de Deus, leigos, religiosos e sacerdotes, que se sentem chamados ao seguimento do Cristo, à maneira de São Francisco de Assis” (Pio XII, 1.7.1956, Discurso aos Terciários I). Por modos e formas diversas, mas em recíproca comunhão vital, eles querem tornar presente o carisma do comum Pai Seráfico na vida e na missão da Igreja (Apostolicam Actuositatem 4,8)” (Regra OFS, cap. I, n.1).

Parece, então, que já era clara para Francisco a intuição de que era possível servir plenamente a Deus em cada estado de vida. Assim, de qualquer modo, ele antecipava a consciência de que cada cristão na Igreja é chamado à santidade, aquela consciência que o Concílio Vaticano II evidenciou com força e o Papa Francisco recordou recentemente em sua Exortação Apostólica Gaudete et exultate (n. 10): “Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho, a uma santidade cuja perfeição é aquela mesma do Pai celeste” (LG 11). De fato, a Terceira Ordem Franciscana (hoje Ordem Franciscana Secular) em sua história foi enriquecida por numerosos dons de santidade. Basta pensar às figuras de Ângela de Foligno, Brígida da Suécia, Catarina de Gênova, Izabel da Hungria, Giana Beretta Molla, João Bosco, João XXIII, Giuseppe Moscati, Luís IX rei da França, Margarida de Cortona, Pio X, Tomás Morus, para citar alguns dos santos e das santas mais famosos, ou a Verônica Antal, a última desta longa lista dos santos e beatos, beatificada no dia 22 de setembro de 2018. Com esta “admirável e variegada floração de santidade seráfica”, de fato, a Ordem Franciscana Secular mostra ser necessária para a plena expressão do nosso carisma.

  1. Os desafios de hoje e a missão da Igreja

Muitos e complexos são os desafios que a Igreja precisa enfrentar hoje. Mas este nosso tempo é certamente também um kairós, um tempo particular de graça no qual é possível viver uma “nova etapa evangelizadora”, como nos pede que façamos o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: “Em todos os batizados, desde o primeiro ao último, atua a força santificadora do Espírito que impele a evangelizar. […] Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário (cf. Mt 28, 19). Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização” (EG 119-120). Como franciscanos nos sentimos particularmente em sintonia com este convite do Papa para viver uma Igreja em saída, para ir rumo às periferias geográficas e existenciais deste mundo cheio de divisões, de injustiças e de sofrimentos. Somos chamados a contribuir para a construção de uma fraternidade evangélica universal, para trabalhar no campo do cuidado da criação, da paz e da justiça, com uma especial consideração pelos mais pobres e necessitados, seguindo o exemplo do seráfico Pai Francisco, o qual “manifestou uma atenção particular pela criação de Deus e pelos mais pobres e abandonados. […] Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior” (LS 10). Uma tarefa assim tão complexa e exigente requer uma colaboração ativa e eficaz e uma comunhão visível entre todos os membros da Família Franciscana, e nesta colaboração parece particularmente urgente hoje a contribuição dos irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular.

  1. Um cuidado recíproco

A colaboração e a comunhão entre os membros da Família Franciscana, hoje mais que nunca, deve manifestar-se em um cuidado recíproco e num enriquecimento mútuo. “Na Igreja-Comunhão os estados de vida encontram-se de tal maneira interligados que são ordenados uns para os outros. […] São modalidades, ao mesmo tempo, diferentes e complementares, de modo que cada uma delas tem uma sua fisionomia original e inconfundível e, simultaneamente, cada uma delas se relaciona com as outras e se põe ao seu serviço” (João Paulo II, Christifidelis Laici, n. 55).

De fato, por uma parte a Igreja confiou aos frades da Primeira Ordem e da TOR o cuidado espiritual e pastoral da OFS, como se recorda na Regra: “Em sinal concreto de comunhão e de

corresponsabilidade, os Conselhos, nos diversos níveis, de acordo com as Constituições, solicitarão aos Superiores das quatro Famílias Religiosas Franciscanas, às quais desde séculos a Fraternidade Secular está ligada, religiosos idôneos e preparados para a assistência espiritual” (Regra OFS cap. III, n. 26).

Por outra parte, os membros da OFS são chamados a manifestar a índole secular do carisma franciscano, que é o que caracteriza a espiritualidade e a vida apostólica deles, e assim, vivendo plenamente o chamado específico, cuidarão por sua vez com a oração e com a ação da vocação dos frades com os quais partilham o carisma.

  1. Conclusão

Queridas irmãs, queridos irmãos, nos 40 anos da aprovação da Regra da Ordem Franciscana Secular, convidamos todos vocês para agradecer a Deus pelo dom da nossa comum vocação franciscana e a renovar o zelo apostólico para cada um viver de modo criativo a sua própria missão.

Da nossa parte, imploramos sobre todos vocês abundantes bênçãos divinas, por intercessão do nosso Pai São Francisco e da Beata Virgem Maria, Rainha da Família Franciscana.

Fr. Roberto Genuin, OFMCap
Ministro Geral

Fr. Nicholas Polichnowski, TOR
Ministro Geral

Fr. Marco Tasca, OFMConv
Ministro Geral

Fr. Michael Anthony Perry, OFM
Ministro geral

Roma 23/12/2018

Disponível em: https://carisma.franciscanos.org.br/carta-pelos-40-anos-da-promulgacao-da-regra-da-ofs.html

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