Pesquisar

Quando não se tem mais nada a dizer

         É sempre triste  quando no seio de uma família  ou entre amigos as pessoas  não têm nada a se dizer. Importante na vida, entre amigos, entre marido e mulher, pais e filhos alimentar os relacionamentos.  Pensamos aqui, de modo particular, no relacionamento conjugal.  Claro que cada um é cada um.  Marido e mulher têm sua vida própria com certa autonomia: trabalho, coisas da casa, relacionamentos funcionais e profissionais. Pode acontecer, no entanto, que marido e mulher  levem um tipo de vida tão independente, tão autônoma que, aos poucos eles cheguem a não terem nada mais a dizer um ao outro. Vidas paralelas?  Penso naquele homem muito preocupado com sua imagem, com sua pose,  com sua atividade profissional, desejoso de holofotes que chega à casa sempre cansado ou então para trocar de roupa para ir a um evento da OAB ou do clube do bairro. Pode ser que esse tipo de homem não tenha jeito de indagar aquilo que se passa no coração da mulher ou as  interrogações que dançam no semblante dos filhos.  Os encontros conjugais podem ir se revestindo de longos silêncios, um não escuta mais a batida do coração do outro, não olham  mais juntos na mesma direção.   Necessário se faz que ele e ela sentem-se à mesa da cozinha, inventem um prato gostoso, rezem juntos, sonhem juntos, chorem juntos e juntos se alegrem, que converse, que riam, que contemplem juntos as estrelas, que sorriam de suas loucura, que leiam juntos a página de um livro e riam  juntos das jocosas caduquices de seus pais envelhecidos.

 

            Os que se casam precisam ter coisas a se dizer…