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O mistério das noites

           Ah!  O mistério das noites, de tantas noites!  A noite da velha senhora  que dorme mal no quarto dos fundos. Sente a perna dormente. O travesseiro não pega jeito.  Ela não ousa levantar porque o genro tem  sono leve e pediu que ela fique quieta em seu quarto.  A senhora ouve as badaladas do sino da matriz  3, 4, 5  horas…  Reza um terço,  depois outro.  Como são longas as noites da velha senhora!

 

            A menina já está quase moça.  Vive com o pai.  Ele agora arranjou uma nova namorada e não passa muitas noites em casa.  A mãe não sei que fim levou.  A menina vai com a turma, com colegas e amigos para as baladas da noite.  Som,  muito som, som estridente, luz forte abóbora, azul, vermelha… depois, quem sabe, um baseado, dança, impossibilidade de conversar porque o som quase faz com que os tímpanos estourem.  Tudo berrado no bar ou no hall da boate.  Depois esses jovens se amontoam num carro, voltam às casas de uns e de outros e a noite vai morrendo com a chegada dos primeiros raios de sol.  Que resta daquela noite?  A menina chega à casa, ninguém espera por ela.  Joga uma peça de roupa para cá, outra para lá,  um sapato aqui e outro acolá.  Toma ainda um copo de água, joga-se na cama e vai dormir até as duas da tarde do domingo.

 

            Há a noite do motorista de ônibus, ao longo dessas nossas estradas, com carretas tombadas e  pontes estreitas e perigosas. O motorista procura dirigir com cautela, embora receba  a claridade de faróis fortes de carros que trafegam em sentido oposto.  Dirige com cautela.  Carrega vidas humanas preciosas.  Há uma mulher grávida que quer ter seu filho em  Curitiba, sua cidade de origem e onde moram seus parentes.  Há dois rapazes que vão  depois para  Foz do Iguaçu e há também uma família do Chile. E mais uma vez há carreta virada….o motorista e seus  “hóspedes”  ficam parados quase duas horas…

 

 

            São coisas que se passam durante  a noite….