A construção do casamento exige atenção, vigilância e perspicácia. A harmonia conjugal não acontece da noite para o dia. Há coisas que fazem com que um casamento seja sem gosto, verdadeiramente insosso e rotineiro. Ele e ela se instalam em suas coisas, suas preferências e seus negócios. Instalam-se no trabalho, na repetição da mesma tarefa, diante de um computador, atrás de um balcão, no mesmo esporte, no mesmo copo de cerveja tomado com estes e aqueles, nas conversas com as mesmas amigas e os mesmos conhecidos, semana após semana, ano após ano, no envolvimentos dos corpos quase como se fosse um rito que precisa ser cumprido, mas sem alma. Um casamento começa a capengar quando sempre se diz que não se tem mais tempo, quando falta tempo para conversar, para estar com os filhos, para levar uma flor à mãe dele ou dela envelhecidas e esquecidas, para fazer um bolo de laranja, para colocar flores na sala da casa, para rezar um salmo no canto do quarto, para observar que os cabelos dele estão quase brancos e que a vida vai passando…
