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NATAL EM FAMILIA

DEZEMBRO/2013

 

A Ordem Franciscana Secular quer que seus membros se empenhem em criar em sua casa uma família cristã e franciscana. A família e sua renovação, aliás, é uma das prioridades da OFS. Os franciscanos seculares desejam desde já colocar-se em estado de  preparação para o Sínodo de 2014 que abordará a realidade e a problemática da família. Neste mês de dezembro queremos refletir sobre o natal cristão em nossas famílias.

 

 

1. O centro do Natal é uma criança. É um nascimento. Trata-se de um fato histórico que aconteceu nas brumas do tempo num canto do Oriente.  Maria de Nazaré, prometida em casamento a José, da família de Davi, visitada pelo alto concebeu em suas entranhas a carne do Filho de Deus.  O centro da solenidade do Natal é este:  Deus invisível, cheio de glória, o Vivente, o que vive desde toda a eternidade tornou-se tempo e nasceu na terra dos homens para beber nossa água, comer nossa comida,  viver nossa vida e, depois, morrer nossa morte.  Uma criança é o centro do Natal. Tudo o mais é acessório.

 

2. Uma família cristã e franciscana fixa seu olhar na cena do presépio e se encanta com sua singeleza. Elimina da comemoração do natal todas os requintes e “mundanizações” que correm o risco de eliminar Jesus do Natal. Celebrando o Natal os membros de uma família lembram-se de Francisco. A espiritualidade franciscana do Natal dá a tudo um colorido especial. Francisco “celebrava com incrível alegria, mais que todas as outras solenidades, o Natal do Menino Jesus, pois afirmava que era a festa das festas, em que Deus, feito um menino pobrezinho dependeu dos peitos humanos. Beijava como um esfomeado, as imagens dessa criança e a derretida compaixão que tinha no coração pelo Menino fazia até que balbuciasse doces palavras como uma criancinha” (2Celano 200).  Na festa natalina em família nada pode impedir que essa explosão de admiração diante da pobreza de Deus venha à tona.

 

3. Uma família cristã participa da Missa da Noite. Nossas celebrações viraram missas de fim de tarde da véspera, devido à violência nas grandes cidades. Seja como for a reunião de todos os membros da família na missa dita do galo é importante, seja ela à meia noite ou mais cedo. Que todos possam participar da celebração e comunguem com o coração puro. Quando não for possível a participação na missa a família cristã cria uma liturgia doméstica, da qual, todos participem. Penso aqui, de modo especial, nas crianças e nos idosos, sobretudo os que têm dificuldade de locomoção: um canto típico, um salmo, uma bela leitura, o evangelho de Lucas, a colocação da imagem do Menino no presépio, preces e uma palavra dirigida a todos pelo chefe da família (ou pelo avô, ou pelo neto). Enfim, uma celebração familiar.

 

4. Normal que os membros de uma família se presenteiem. A festa do natal em nossas culturas está vinculada com o “sacramento” dos presentes. Faz parte da noite. Os presentes lembram o Presente que vem de Deus no Menino Jesus.  Eles terão como marca a beleza e a simplicidade e constituem um sinal do afeto. Nos dias anteriores ou seguintes os membros de uma família haverão de levar seus “presentes” para pessoas mais carentes e para parentes meio esquecidos e abandonados. Tudo isso faz parte do Natal de uma família cristã e franciscana.

 

5. Na noite santa os membros da família se reúnem em torno da ceia. Esse é o momento mais festivo e alegre. A família, os avós, alguns tios, por vezes o namorado de uma filha ou a mulher do filho casado com seus filhos…Noite de congraçamento, de confraternização, noite de paz, noite em que laços de sangue se unem aos laços espirituais de todos esses que são também membros da família de Deus.

 

6. E na sala ecoam as notas dessas melodias natalinas, deixamos ressoar dentro de nós, ao longo da noite, a cena dos pastores que chegam para ver o Menino. Uma família cristã e franciscana feita de  pessoas  sempre despojadas e límpidas é uma festa para a humanidade, de modo especial no seu jeito de celebrar o natal longe do consumismo, do formalismo, da superficialidade.

 

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM