· Aquele homem de seus trinta anos está na sala de espera da maternidade. Sua mulher acaba de dar à luz. O menino nasceu com saúde. Agora, dentro de instantes, o pai verá o rosto do filho. Devem trazê-lo ou mostrá-lo por detrás do vidro. Ele virá com a boca arreganhada. Será que ele vai parecer com o pai? O coração do rapaz não cabe no peito. Agora ele poderá dizer “meu filho”.
· Aquele casamento não dera certo. Culpa dos dois. Marido e mulher se casaram muito imaturos. Hoje estão separados. O menino vive com a mãe e a avó. Por ocasião da festa dos pais os dois, pai e filho, vão comer juntos na casa de uma irmã do pai. No meio da conversa o pai olha o filho com ternura e preocupação. Ele e a mulher deviam ter pensado melhor.
· Aquele pai, nesse dia dos pais, resolveu passar uns instantes sozinho no seu quarto. Resolveu fazer uma retrospectiva de sua vida de homem-pai. Hoje os filhos cresceram. Parece que as coisas deram certo. O pai lembrou-se dos três. Primeiro veio a menina esperta e mandona. Os irmãos nunca puderam vencer a firmeza de seus desejos. A menina sempre soube o que queria. Depois veio outra menina, meiga, dócil, que gostava e gosta de “dengo”. O pai teme que, com sua delicadeza, venha ela a sofrer nas hostilidades da vida. Finalmente veio esse caçula, especial, com Síndrome de Down. É mais carinhoso. A família está toda reunida. O pai queria ter esse momento de meditação e de retrospectiva. Agora é tempo de festejar. Sai e vai à sala onde todos o esperam.