NOVEMBRO/2013
Continuamos nos inspirando em Frei José Maria Arregui, OFM, no texto publicado nos Cadernos Franciscanos dos Frades portugueses de Braga, n. 28.
DESCOBRINDO A BELEZA DA VOCAÇÃO
Os que chegam precisam escutar o chamado para o seguimento
1. Os que chegam a nossas Fraternidades, realmente desejosos de trilhar nosso caminho, precisam escutar profunda e seriamente o chamado para o seguimento de perto do Senhor. Não se trata de ingressar numa pia associação de fiéis, mas numa Ordem que leva seus membros a uma eminente santidade de vida no seio do Povo de Deus. Um antigo texto programático dos terceiros franciscanos da França assim rezava: “Ao frequentarmos o Evangelho é o Cristo que queremos acolher e encontrar: o Cristo vivendo simplesmente no meio dos homens, dos acontecimentos, na história; o Cristo semblante humano de Deus, Filho único do Pai e testemunha de seu amor pelos homens; o Cristo modelo acabado do homem, que se relaciona com o Pai e com os homens; o Cristo cumprindo e operando por tudo o que faz a salvação do mundo e a glória do Pai”.
2. Pensamos na formação inicial e na formação permanente. Os que desejam seguir São Francisco têm a certeza de responder a um chamado. Não entramos num grupo qualquer, mas na Fraternidade que reúne aqueles e aquelas que foram tocados pela pessoa de Cristo “encarnada”, de alguma forma “reescrita” na vida de Francisco. De modo especial os formadores ajudarão os iniciantes na tarefa de ser gente de pé e, ao mesmo tempo, abrem-lhes as janelas para “verem” Cristo e o seguirem. A vida toda haverão de se lembrar desse tempo do chamamento. A profundidade da resposta marcará a vida toda.
3. No tempo da formação procura-se fazer com que o candidato conheça sua própria pessoa. Nossa Fraternidade, no entanto, buscadora de Deus mostra aos que chegam como andamos buscando o Senhor, que é o Bem e todo o Bem. Passamos a vida retribuindo o amor do Senhor, restituindo o que dele recebemos. O candidato deve poder perceber em nossa vida, a busca de Alguém por quem valha apena vender tudo. Alguém que é Pai e que ama com ternura seus filhos. Os jovens candidatos vão, aos poucos, aprendendo a confiar no Senhor, em sua Palavra.
4. O tempo da formação é marcado por vários ensaios de experiência de oração. Os que ingressam em nossas fileiras não são meros repetidores de palavras, mas pessoas que foram sentindo em seus corações uma sede de Plenitude. Esta sede eles a vislumbram na vida dos formadores e da Fraternidade como um todo.
5. José Maria Arregui assim se exprime literalmente: “Mostrar o mundo de Deus, o mundo do Evangelho, descoberto por Francisco de Assis na Igreja, o conhecimento e o amor de Jesus Cristo, a quem seguimos em pobreza e humildade, o horizonte da vocação pessoal como chamamento a viver uma vida para além da morte, partindo da experiência da ressurreição… é tudo isso que uma Fraternidade tem a oferecer a seus candidatos”.
6. O que, na realidade, uma Fraternidade tem a oferecer? Não promete êxitos. Não basta que se façam dissertações sobre minorismo, pobreza, fraternidade. O tempo da formação inicial (e também permanente) oferece o tesouro escondido do Evangelho. Os que chegam, deveriam ter vontade de tudo vender, para viver no e com o Evangelho. Essa é a riqueza que Francisco nos deixou.
7. Novamente transcrevemos Frei José Maria: “Trata-se de lhes podermos oferecer pessoalmente e como Fraternidade, o testemunho vivo de nossa convicção: que somos irmãos acolhidos pela experiência do Evangelho, que somos capazes de deixar tudo por causa de Deus; que Deus é o centro de nossa vida e que somos felizes assim”. Assim os irmãos vão descobrindo a beleza da vocação. Tarefa sempre desafiadora da formação. Fique claro que os irmãos e irmãs que professam precisam saber claramente que estão abraçando o tesouro do evangelho, que foram encontrando na convivência com os irmãos em suas fraternidades.
Será que os que chegam percebem claridade de seguimento do Senhor em nossas vidas?
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM