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17 de Setembro: Celebramos as Sagradas Chagas de São Francisco de Assis


O legado das chagas de São Francisco: um convite à esperança e à revolução franciscana

No coração da espiritualidade franciscana reside um dos mais profundos e misteriosos sinais da vida de São Francisco de Assis: as chagas. Recebidas no Monte Alverne, dois anos antes de sua morte, essas feridas sagradas nas mãos, nos pés e no lado do santo não são apenas um sinal de sua profunda união com Cristo crucificado, mas também um legado poderoso que ressoa até hoje. Elas nos falam de dor e sofrimento, mas, acima de tudo, de um amor que se entrega totalmente e de uma esperança que não se abala.

Em um mundo marcado por desafios complexos — crises climáticas, desigualdades sociais e conflitos que parecem intermináveis —, a mensagem das chagas de Francisco ganha uma nova urgência. Elas nos lembram que a verdadeira esperança não é uma espera passiva, mas sim uma entrega ativa. O Papa Francisco, ao proclamar o Ano Jubilar da Esperança para 2025, ecoa essa verdade. A esperança, para o Pontífice, não é apenas um sentimento, mas uma virtude que nos impele a agir. A esperança nos move a buscar a paz onde há conflito, a justiça onde há opressão e a cura onde há dor.


O Cântico das Criaturas e a visão de Francisco

O ano de 2025 também marca o 800º aniversário do Cântico das Criaturas, uma das primeiras e mais belas poesias da literatura italiana. Escrito por São Francisco de Assis, esse hino de louvor à criação nos revela a profunda relação do santo com a natureza, que ele via não como um recurso a ser explorado, mas como irmã e irmão, manifestação direta de Deus.

O Cântico das Criaturas não é um canto ingênuo. Ele foi escrito em um período de grande sofrimento físico para Francisco, com as chagas já abertas em seu corpo. Ele expressa uma visão de mundo em que a dor e a alegria coexistem, e onde o louvor a Deus se manifesta em todas as suas obras, do “irmão Sol” à “irmã Morte”. Essa celebração da vida em sua totalidade, mesmo diante do sofrimento, nos convida a uma esperança radical.


O chamado para uma revolução franciscana

É neste contexto que a nossa vocação de Franciscanas e Franciscanos Seculares se torna particularmente relevante. O chamado para a defesa da Casa Comum, como ressaltado na encíclica Laudato Si’, não é um convite abstrato, mas uma tarefa concreta que exige uma mudança de mentalidade e de estilo de vida.

Os Franciscanos Seculares são convidados a ser instrumentos de mudanças revolucionárias. Essa revolução, no entanto, não se faz com armas, mas com o testemunho de uma vida simples, com o compromisso com a justiça e com a caridade. As chagas de São Francisco de Assis nos convidam a abraçar as feridas do mundo, a nos solidarizar com os oprimidos e a sermos a voz daqueles que não têm voz.

Essa revolução franciscana se manifesta no cotidiano:

  • Na escolha por um consumo consciente e sustentável.
  • No cuidado com a criação, seja plantando uma árvore ou defendendo uma nascente.
  • Na luta por direitos humanos e por uma sociedade mais justa.
  • No diálogo respeitoso com aqueles que pensam diferente.

As chagas de São Francisco, portanto, não são apenas um símbolo do seu passado, mas uma mensagem viva para o nosso presente. Elas nos desafiam a encarnar a esperança em um mundo ferido, a sermos agentes de transformação e a vivermos a fraternidade como a única resposta para os desafios da nossa era. O convite é para todos nós, mas de modo especial para as Franciscanas e os Franciscanos Seculares: que as chagas de Francisco sejam um farol que ilumina o caminho, um lembrete de que o amor e a esperança são as únicas forças capazes de curar o mundo.


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