“façam da oração e da contemplação a alma do próprio ser e do próprio agir’
Assim como Jesus foi o verdadeiro adorador do Pai, façam da oração e da contemplação a alma do próprio ser e do próprio agir’. Participem da vida sacramental da Igreja, principalmente da Eucaristia, e se associem à oração litúrgica em uma das formas propostas pela mesma Igreja, revivendo assim os mistérios da vida de Cristo.
1. Oração Inicial:
Senhor, que vos amemos de todo o coração, pensando sempre em vós; de toda a alma, aspirando sempre por vós; de todo o nosso entendimento, ordenando todos os nossos desejos a vós; e buscando em tudo a vossa honra; de todas as nossas forças e empenhando todas as virtudes e sentidos do corpo e da alma na obediência a vosso amor e em nada mais. E para amarmos o nosso próximo como a nós mesmos atraindo, na medida de nossas forças, todos os homens para o vosso amor, alegrando-os pelo bem dos outros e pelo nosso próprio bem, compadecendo-nos deles em suas tribulações e jamais ofendendo a ninguém. Amém! (Pn).
2. Canto:
Salmo 22 – Deus, pastor dos homens.
O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
Em verdes prados ele me faz repousar.
Conduz-me junto às águas refrescantes,
restaura as forças de minha alma.
Pelos caminhos retos ele me leva, por amor de seu nome.
Ainda que eu atravesse o vale escuro,
nada temerei, pois estais comigo.
Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo.
Preparai para mim a mesa á vista de meus inimigos.
Derramais o perfume sobre a minha cabeça,
transborda a minha taça.
A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me
por todos os dias de minha vida.
E habitarei na casa do Senhor por longos dias.
3. Tema: Façam da oração e da contemplação a alma do próprio ser e do próprio agir
Neste 8º artigo da Regra, chama-nos atenção essa confirmação “façam da oração e da contemplação a alma do próprio ser e do próprio agir”, sabemos o quanto a oração (oração é uma experiência de comunicação com o divino em nós, diretamente, ou através do próximo e através da natureza criada.(Frei Alberto Beckhäuser, OFM)) é importante na vida do cristão e mais na vida do Franciscano Secular. Devemos sentir e ter a necessidade de estar na presença do Senhor em todos os momentos de nossa vida, e há bons exemplos e modelos a seguir os quais propicia grandes momentos de oração. Na sagrada escritura percebemos o quanto Jesus nutria profundo sentimento por seu Pai, não por ser o Filho, mas porque no dia a dia, através do cultivo da oração e da contemplação (contemplar é morar com Deus, estar no espaço de Deus, habitar com Deus ou viver na intimidade de Deus, é respirar em Deus, é viver em Deus (Frei Alberto)) sentia florescer e amadurecer esse sentimento de amor. Percebemos neste sentimento, através das nossas ações a fonte da vida e nos apropriamos da paternidade trinitária do Pai: somos verdadeiramente Filhos e Filhas de Deus, e com atos simples como jejum, ajudar o próximo e não apropriar-se de nada, ter o olhar, as virtudes e os gestos do próprio Cristo. “Boa coisa é a oração acompanhada de jejum, e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos”, (Tobias 12, 8)
A Igreja nos alimenta através das variadas devoções, da liturgia das horas e da Eucaristia, que para nós Franciscanos tem um toque todo especial e significativo, Francisco viveu intensamente o Corpo e Sangue de Jesus, sua alma ardia em febre, embriagado no mais profundo fervor do seu coração, e nela via perfeitamente a figura do irmão pobre e necessitado, imagem de Cristo. Diz Celano que Francisco não era simplesmente um orante, mas um homem feito oração. Sempre buscava lugares escondidos para ficar a sós e conversar com o seu Senhor, rezando em meio às florestas, em lugares solitários, enchia os bosques de gemidos, banhava os lugares de lágrimas, batia no peito e ai encontrava seu amado. Nas Escritura encontramos um Jesus que “De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração”. (São Marcos 1, 35). Assim também era Francisco, rezava com fervor e devoção, não excluía às horas canônicas, e apesar das doenças, não se deixava abater, dando testemunho e perseverança aos seus irmãos. Dizia, pois, algumas vezes: “Se o corpo toma com tranquilidade seu alimento, que com ele há de ser pasto dos vermes, com quanta paz e tranquilidade não devem a alma tomar o seu alimento, que é seu Deus?” (2Cel 94 a 96).
Penso que as orações próprias dos Franciscanos Seculares, como: os variados modelos de ofícios e devoções marianas, bem como, a Liturgia das Horas e tantas mais que temos e praticamos, ainda é pouco para estar em intimidade com o Senhor. Para mim seria demasiado pouco, é necessário e precisamos entrar em conectividade com o Senhor Jesus durante todo o tempo que temos, e não estou falando de tempo planejado, mas tempo vivido, como: no ar que respiramos, nas pessoas que encontramos no dia durante as caminhadas, no silencio do coração, no ambiente de trabalho, na família, no carro parado no sinal ou mesmo em movimento, ou em qualquer atividade que venha exercer ao longo do despertar ao descansar, temos e sentimos a necessidade de ficarmos a sós, isolados, solitários, diante da natureza gritar, falar, chorar, alegrar-se, sorrir com esse Deus amoroso, e Pai por excelência que nos ama profundamente.
A oração tem esse papel fundamental de nos manter enlaçados na vida do Senhor e dos irmãos. O salmista vai nos dizer “O Senhor escutou a minha oração, o Senhor acolheu a minha súplica” (Salmos 6, 10). Sinto que temos que confessar uns aos outros para a Fraternidade ser mais aberta e feliz, “Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia” (São Tiago 5, 16.) devemos ser puros de coração, partilhar da vida com autenticidade, sem julgamentos ou preconceitos “se fores puro e reto, ele atenderá a tua oração e restaurará a morada de tua justiça”; (Jó 8, 6) meu irmão, minha irmã e antes de uma oração, “prepara a tua alma, e não sejas como um homem que tenta a Deus”. (Eclesiástico 18, 23) e lembre-se “Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis”. (São Mateus 21, 22) Portanto, amados irmãos e irmãs, devemos viver essas experiências em nossas vidas individualmente ou coletivamente através da Fraternidade, realizando e experimentando a pratica e a vivencia, principalmente em retiros espirituais e orações em comuns, mas, acima de tudo devemos buscar esse contato pessoal e intimidade com o Senhor, o qual nos confirma que se formos “perseverantes, vigilantes na oração, ela será acompanhada de ações de graças”. (Colossenses 4, 2)
4. Ação concreta: Como você vai se aproximar de Jesus?
Respire, procure viver, sentir, perceber, visualizar, encontrar, sintonizar nas fórmulas e meios das quais eram as orações de São Francisco, busque lugares apropriado que o conduza a esse caminho, a esse dialogo aberto e apaixonante com o Cristo e não se deixe levar pelas forças mundanas, experimente as várias formas de oração que Senhor coloca no seu coração, e as realize diariamente.
5. Para enriquecimento do estudo:
Sagradas Escrituras
§ Mt 6, 6-13
§ 1Tess 5, 17-18
§ Mt 6, 4
§ Jó 41, 22
§ Sb 7,22
Fontes Franciscanas
§ 2Cel 94 a 96
§ LM IX 2, 3-5
Documentos da Igreja
§ CIC 2655 e 2656
06. Oração Final
A vós, eu procuro, meu Deus;
Em vós espero, a vós desejo;
Para vós me elevo; em vós descanso;
Em vós me alegro; a vós me uno
para toda a eternidade. Amém.
(São Boaventura, “Da Tríplice Via”, III, 5).
Autor: Vanderlei Suélio Gomes, Ministro Nacional da OFS do Brasil