“Ser o que se é, falar o que se crê,
crer no que se prega, viver o que se proclama
até as últimas consequências”.
(Dom Pedro Casaldáliga)
Rio de Janeiro, 08 de agosto de 2020.
Caros irmãs e irmãs da OFS do Brasil, Paz e Bem!
Foi com grande tristeza que recebemos a notícia da Páscoa do amado profeta Dom Pedro Casaldáliga, chamado aos braços de Deus neste sábado, aos 92 anos, na cidade de Batatais, em São Paulo.
Através desta, o Conselho Nacional da OFS do Brasil vem manifestar o seu pesar pela partida deste homem profundamente comprometido com o Evangelho.
Nascido na região da Catalunha, na Espanha, Casaldáliga veio para o Brasil quando tinha 40 anos. Chegando no Araguaia, no fim da década de 60, dedicou-se com vigor no trabalho de defesa da população desfavorecida pela luta pela posse da terra. Ele foi o primeiro bispo prelado de São Félix do Araguaia, nomeado em 1971 pelo papa Paulo VI, ficando até 2005, quando renunciou.
Sua caminhada sempre será lembrada por décadas de compromisso com a luta do povo, defendendo os direitos da população, sendo grande defensor dos direitos humanos e amplificando a voz dos indígenas, dos camponeses, dos negros, das mulheres e dos mais esquecidos. Na sua jornada inspiradora sempre cumpriu seu papel profético, denunciando as injustiças de seu tempo e sendo um grande porta-voz da esperança.
O pedido do Papa Francisco acerca da necessidade de os religiosos serem “pastores com cheiro de ovelha” já havia encontrado eco na vida de Dom Pedro Casaldáliga, que se despede popularmente conhecido como "bispo do povo” e "bispo dos pobres”, também por causa dos seus hábitos simples e falta de vaidade.
Alvo, em cinco ocasiões, de processos de expulsão do Brasil durante o período da ditadura militar, e vítima de ameaças de morte mesmo quando já estava com mais de oito décadas de vida, ele fez valer o versículo 34 do capítulo 12 da Boa Nova contada por Mateus: “...a boca fala daquilo que está cheio o coração”. Além do trabalho pastoral, foi reconhecido por sua produção literária, com grande destaque em poesia, mas também em artigos e obras políticas.
Despedimo-nos da vida terrena de Dom Casaldáliga certos de que foi nosso contemporâneo um homem que viveu profundamente conectado aos valores vividos por Jesus Cristo e abraçados por São Francisco de Assis. Que seu testemunho, solidariedade e compromisso continuem ecoando em nossos corações e em nossa caminhada.
Respeitosamente,
Maria José Coelho - Ministra Nacional
Márcio Bernardo - Coordenador Nacional de Comunicação