Fidêncio Vanboemmel – Ministro Provincial
Neste ano de 2018, mais precisamente no dia 9 de maio, recordamos o primeiro centenário do nascimento de Frei Constantino Koser. Em memória da trajetória e do testemunho de vida deste nosso Confrade, a equipe de Comunicação da Província elaborou este Especial.
Quando Frei Constantino Koser foi eleito Definidor Geral pela América Latina, em 1963, eu tinha 10 anos de idade. Depois, quando ingressei no Seminário Menor, em plena celebração do Concílio Vaticano II (1965), os orientadores nos falavam de Frei Constantino Koser, de Frei Boaventura Kloppenburg, de Dom Frei Paulo Evaristo Arns e outros frades ilustres da Província. Contudo, para quem estava iniciando uma vida seminarística para “ser padre de batina marrom”, a pessoa destes frades me soavam como se fossem personagens lendários que, naquela época, habitavam num imaginário muito além da minha capacidade de compreensão. O que então dizer quando, em maio de 1967, foi-nos comunicado que Frei Constantino Koser foi eleito Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores? Que homem importante seria ele, cuja fotografia moldurada passou a ocupava um lugar de destaque na parede da nossa casa de formação?
A curiosidade e o desejo de conhecê-lo cresceram quando, no último ano em Agudos, após a celebração do Capítulo Geral de Pentecostes de 1973, recebemos a notícia da reeleição de Frei Constantino Koser para Ministro Geral. Contudo, no meu entendimento, permanecia a ideia de que se tratava de um frade importante que morava em Roma. Foi no meu ano de Noviciado, em 1974, que compreendi o que significa a pessoa e o serviço de um Ministro Geral na vida da Ordem Franciscana, enquanto estudávamos a Regra Franciscana e a História da Ordem dos Frades Menores.
Mais tarde, após a celebração do Capítulo de Pentecostes de 1979, estando no meu penúltimo ano de estudos teológicos, soube que Frei Constantino Koser acolheu a obediência de morar conosco, no grande Convento do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis. Assim, como frade estudante de Teologia e preparando-me para receber os ministérios ordenados, tive a graça de conhecer e conviver mais de perto com este homem sábio. E mais do que isso, no convívio diário de um ano e meio, com a sua postura humilde e serena, Frei Constantino ensinou-me que a maior grandeza do ser frade-menor significa colocar-se como irmão entre os irmãos dados pelo Senhor.
Poucos anos depois, entre julho de 1986 e dezembro de 1997, recebi a transferência para trabalhar na Fraternidade de Petrópolis, na função de vice-mestre. E lá continuava ele, Frei Constantino Koser, com sua presença fraterna, atenciosa, afetiva e efetiva na Fraternidade do Convento do Sagrado Coração de Jesus. Eu amava passar pela sala de recreio da fraternidade, lugar eclético de tantas e profundas conversações. Depois de rezar e silenciar sua maquina de escrever, onde datilografava seu pensamento, era prazeroso ouvir os diálogos de Frei Constantino com os confrades Fidelis Vering, Simão Voigt, Leonardo Boff, Ludovico Garmus, Antônio Moser, Neylor José Tonin, Gentil Titton, Arcângelo Buzzi, Wilson Steiner e outros. Aprendi a reverenciá-lo pelo seu conhecimento e visão da Ordem dos Frades Menores, da Igreja e das diferentes realidades culturais por onde passou enquanto foi Ministro Geral.
Pois bem, passados 100 anos do nascimento de Frei Constantino Koser, além das características franciscanas que dele aprendi no convívio fraterno em Petrópolis, hoje tenho muita clareza da importância e contribuição deste Confrade da nossa Província para a história da Ordem dos Frades Menores. Homem que de perto acompanhou os passos e as decisões do Concílio do Vaticano II e, por isso, procurou de forma incansável adequar e reformular as Constituições Gerais à luz dos novos Documentos Conciliares.
Enfim, a Frei Constantino Koser muito bem se aplica a 28ª Admoestação de São Francisco: “Bem-aventurado o servo que entesoura no céu os bens que o Senhor lhe concede… Bem-aventurado o servo que guarda em seu coração os segredos do Senhor”.
Fonte: CNBB